" – Para onde estamos indo, companheiros? – Para o top, Jonhy!" (The Beatles)
A banda mais popular do mundo, depois de anos na estrada realizando shows, conquistando multidões e alcançando o topo das paradas com diversas músicas, decide parar de se apresentar ao vivo e se concentrar nos álbuns de estúdio. Por que?
A resposta pode ser vista no documentário The Beatles: Eight Days a Week – The Touring Years, do diretor Ron Howard (Rush; Uma Mente Brilhante; Apollo 13), que relata a trajetória do quarteto britânico desde as "cavernas" de Liverpool e "inferninhos" de Hamburgo até as aparições em programas de auditório e turnês internacionais em estádios lotados.
Anos onde mal conseguiam se ouvir tocando, devido a histeria do público, e ainda tinham uma rotina intensa de divulgação, entrevistas, composição, gravação e filmagens. Era o auge da Beatlemania e o filme retrata bem seus bastidores.
A narrativa do longa é construída através de vídeos e imagens, incrivelmente restaurados, da banda nos palcos. Juntamente com declarações antigas de John e George e novos depoimentos de Paul e Ringo, relembrando histórias e sentimentos.
A transformação interna que passam nas diversas fases da banda, desde o visual até as temáticas das músicas, são contextualizadas com a influência externa que provocaram na sociedade dos conturbados anos 60. Um fenômeno cultural e ao mesmo tempo o retrato de uma geração formada por fãs como Elvis Costello, Whoopi Goldberg e Richard Curtis que relatam sua admiração.
Um ponto destacado é o humor inglês característico nas repostas aos jornalistas, as vezes bem humoradas e outras atravessadas. Mostrando que a influência da banda foi musical e comportamental para as gerações seguintes (Irmãos Gallagher!?).
Fica visível o cansaço com compromissos e exposição ininterrupta, que faziam Paul e John se trancarem nos banheiros dos hotéis para ter alguma privacidade e até compor. Motivos que ajudaram a abreviar os anos de turnês e aos poucos os tornaram mais reclusos. Ao mesmo tempo que inspiraram diversas canções e os filmes que protagonizaram. Sempre com a ajuda do empresário Brian Epstein e do produtor George Martin, que ajudaram a moldar o som e imagem dos Beatles.
Algumas músicas que aparecem na íntegra são de arrepiar pela qualidade de som e imagem, comprovando como todos eram músicos excelentes (incluindo Ringo).
Resumindo, um documentário obrigatório a ser visto pelos seguidores de longa data e uma oportunidade para os novos fãs entenderem a história e amor pela banda.
Porque como Paul McCartney faz questão de nos lembrar nos seus shows: "No final, o amor que você recebe é igual ao amor que você doa."
Resenha por Bruno Garcia.
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