Se você já leu algum texto meu aqui no Iradex ou já me ouviu em um dos podcasts da RIPA, sabe da minha paixão quase que obsessiva pela música. E quando se fala em Dave Grohl, aí a história é ainda mais compulsiva. Tanto que fui responsável pelo texto da Estante dele aqui nesse mesmo portal.
De 3 em 3 anos é tempo de renovar a fé em DELSve Grohl. O último domingo, em mais uma passagem do Foo Fighters pelo Brasil, foi o dia "D". Dessa vez eles estavam (como sempre) bem acompanhados. Em 2012 tocaram com Joan Jett e Cage The Elephant no primeiro dia do Lollapalooza que estreava por aqui, e em 2015 com os Raimundos e o Kaiser Chiefs. Mas, dessa vez, "que tiro foi esse, viado?"
Enquanto trabalhava durante o carnaval, o que eu mais dizia pra mim mesmo e pros que me perguntavam era "meu ~bloquinho~ é daqui a 15 dias!". Realmente foi, e teve até um abadá pra reverenciar a figura principal da noite.
A folia começou com a representante tupiniquim Ego Kill Talent, banda bem boa que teve essa difícil tarefa de abrir pra dois gigantes. Cumpriram seu papel e fizeram um bom show, emocionante para seus integrantes que diziam estar realizando um sonho, já que o vocalista chegou a comunicar que há 3 anos estava junto com a maioria das pessoas presentes no Maracanã, do outro lado do palco. Mesmo que muitos não se interessassem pelo show, ter no currículo uma abertura como essa é um feito e tanto. Acho que eles nem se importaram com o fato de que, no agradecimento final do frontman do Foofa, não tiveram seu nome pronunciado por completo como se ele não soubesse quem passou por ali (Dave agradeceu a "opening band" Ego nam nam nam, balbuciando o resto do nome).
Às 19h30, o Queens of the Stone Age subia ao palco trazendo um stoner rock, que é um estilo meio que único, misturando um som pesado com influências dançantes. Era pra fazer os "foliões" tirarem o pé do chão mesmo. O já conhecido combo "badguyultimorockstarporraloucaatuante" de Josh Homme deu lugar a um sorridente e aparentemente muito satisfeito rapaz que pediu que aproveitássemos a noite com frases até clichês, mas que fazem muito sentido e que muitas vezes esquecemos como "o ontem já passou, e o futuro é só amanhã, o que temos é o presente, vamos aproveitar". Seu pedido era uma ordem que foi muito bem atendida.
Foi-se o tempo em que a "festa mais tradicional do Brasil" limitava-se apenas em axé, samba e pagode. É muito comum ter blocos com sertanejo, funk e até forró. Às 21h30, Grohl & cia convidaram todo mundo pra "correr" ao som de Run, que é tipo um xote mais pesado e agitado. A turnê atual é do álbum "Concrete and Gold", que diz muito sobre um senhor quase cinquentenário incansável e realmente inquebrável que faz show até com a perna quebrada!
O que é preciso pra se identificar com uma banda? Se as letras falam com você, esse é um bom ponto. "I'll Stick Around", por exemplo, é a música que eu quero cantar para o meu banco no verso "I don't owe you anything"! Ou quando cai aquele dinheiro salvador na conta e você lamenta que ele vai pro pagamento dos boletos com "there goes my heroooo, watch him as he goes". Falando mais sério, tem aquelas tipo auto-ajuda como "Times Like These" e "Walk" que te fazem seguir em frente e não desistir. E tem "These Days" que seria pra confirmar o que o loirão do QOTSA havia falando anteriormente, que qualquer dia desses nosso coração vai dar sua última batida e parar, então aproveitem a viagem! Foi o que eu e os mais de 30 mil presentes fizemos.
Como toda micareta, uma hora seu corpo pede arrego, mas é preciso puxar o "Best Of You" e curtir até o fim. Até porque, quem dera tudo pudesse ser tão real assim pra sempre, quem dera ser tudo tão bom assim de novo... Quem sabe daqui a 3 anos a minha fé e a de muita gente possa ser renovada novamente. Assim espero ansiosamente desde já.
Se quiser ver uma cobertura que apelidei de ejaculação precoce pelos stories do Instagram, vai lá nos destaques do meu perfil @renan_fernandes.
Agradecimento especial
O meu agradecimento vai para o Guilherme Lourenço, carioca, flameguista, que tem uma branquinha chamada Fernanda e que me recebeu em sua casa, me trouxe e levou ao aeroporto, na Tijuca e ao "Templo Supremo do Futebol" onde pude acompanhar mais uma vez esse desfile dessas escolas do Rock, nota 10 em todos os quesitos.
Já comentei com algumas pessoas que o maior feito do Iradex não chega nem a ser o sempre ótimo conteúdo oferecido por aqui, mas sim unir pessoas tão diferentes em alguns pontos mas similares em muitos outros. O Bando de Ruma surgiu com pessoas que acompanhavam os textos e podcasts, mas se tornou quase que uma irmandade. Tem histórias de amizades sinceras, brotheragens, paixões, amores quase que impossíveis por limitações de distância e até gente que mudou de cidade em busca de uma vida melhor. A internet às vezes pode afastar as pessoas, mas o Bando é sinônimo de união.
Obrigado por existirem.