Dia 3: Operação Presente (Arthur Christmas, 2011)
Texto, narração e edição: Gabriel Pinheiro (Twitter / Instagram / Letterboxd)
Distribuição: R.I.P.A. / Iradex
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Transcrição:
A Netflix fez em 2019 o excelentíssimo filme de Natal e indicado ao oscar, "Klaus". Ainda não sei se ele vai aparecer em algum desses 31 dias, então já aproveito para deixar aqui a minha recomendação. Mas eu trago ele aqui porque essa é a minha melhor definição do filme de hoje: uma continuação de Klaus que aconteceu 8 anos antes.
Enquanto Klaus tratava de uma origem realista para o mistério do natal, o ~"Operação Presente" inventa um cânone para o tipo de operação logística que Papai Noel precisaria ter hoje em dia, se realmente fosse atender todas as crianças do mundo. E as duas animações que eu resolvi comparar fazem outra coisa parecida: deixar esse conceito apenas como um pano de fundo para personagens e histórias repletos de coração.
É um crime que "Operação Presente" quase nunca seja lembrado entre os filmes clássicos de natal, porque ele tá facilmente entre os meus filmes favoritos da vida, seja ou não de natal, seja de animação ou não.
Às vezes me pergunto se não é porque o filme se esforçou tanto para ser uma história sobre operações secretas, que acabou se confundindo no personagem e aí ele próprio se escondeu de forma perfeita. Tal qual papai noel com a ajuda de seus minions.
Eu quero dizer, elfos. Mas na verdade eu quero dizer minions mesmo. Porque saindo apenas um ano depois de Meu Malvado Favorito, esse filme não me ajuda também a defender ele, já que sua tecnologia de gerar uma multidão de anões engraçadinhos é bem parecida. Adicione a isso o fato de que a temática limita ainda mais o momento em que o meu adorado "Arthur Christmas" pode ser apreciado, já que, enquanto o natal só acontece em Dezembro, a maldade faz sucesso o ano todo.
Outro elemento genérico que deve ajudar esse filme a passar despercebido é o seu protagonista de animação genérico. Mesmo que não tenha visto nada sobre "Operação Presente", você sabe exatamente como é a cara dele. Imagina aí um protagonista de animação chamado Arthur… Imaginou? Então, é ele. O cara é tão genérico que naqueles memes comparando outros personagens idênticos das animações - tipo o Ratatouille e o Tom Holland - o pobre coitado do Arthur nem é lembrado.
Mas chega de falar mal do filme que eu disse ser maravilhoso, né? Deixa eu dizer por que você deveria dar uma chance à "Operação Presente" como o filme da sua ceia de natal esse ano.
A história acompanha como o Papai Noel atual e seu filho mais velho, Steve, entregam todos os presentes do mundo antes do amanhecer do dia 25. Aí é que tá, com toda essa estrutura militar e tecnológica eles cometem um pequeno errinho e agora a garotinha Gwen vai ser a única criança no mundo sem presente.
Essa foi a segunda vez que eu vi esse filme e ainda assim ele me pega de calças curtas com a quantidade de reflexões humanas que ele tira de um conceito tão bobo. Existe todo o contraste que é ver a nave espacial dessa dupla de noéis em atividade - muito parecida com a do filme galinho chicken little - em comparação com o velho trenó do vovô noel, que resolve mostrar como na época dele tudo era melhor.
E claro, o Arthur que dá título ao filme, caçula da família, é o nosso protagonista genérico que, cada vez que abre a boca, derrama as mais singelas mensagens emocionais sobre o verdadeiro espírito natalino. Ele é aquele tipo de pessoa que vai fazer de tudo para consertar o que está errado. Ainda que esse erro seja de 0,00001% do todo. É dele e só dele a missão de entregar o último presente.
Será que nosso herói vai ser bem sucedido apesar das inúmeras confusões e aventuras? Será que essa família vai conseguir superar suas briga para aproveitar o natal? Será que os minio- que os elfos vão fazer piadas visuais o suficiente?
Isso e muito mais você vai poderá descobrir ao assistir "Operação Presente". Uma animação que já valeria a pena só pela sua impressionante tecnologia de suéter felpudo, mas que se esforça para ir além. Não esquecendo de dar um coração para sua história, ainda que esse detalhe tenha passado despercebido por que ninguém assistiu.
