O tempo sempre passa mais rápido no último mês do ano mas, para mim, é como se tudo recomeçasse todo dia.
O Tempo que Cada Dia Tem é um conto escrito por Cleiton Xavier, distribuído em primeira mão aqui no Contos Iradex.
O Tempo que Cada Dia Tem
De alguma maneira, eu ainda acho que 2019 tenha alguma surpresa, alguma carta na manga, e isso ainda me deixa fudido da cabeça. Eu sou bom com palavras,pelo menos eu acho que sou, e talvez seja a melhor coisa que eu sei fazer, mas sei lá, todo esse ano foi como uma grande season finale, e mesmo com o fim próximo, eu ainda acho que vão ter pontas soltas, e eu nem me refiro pensando nos anos que ainda virão, eu só sinto, apenas isso.
Assim como senti que 2018 seria um belíssimo ano, e foi. Mas 2019, desde o começo pareceu ser um ano ímpar (me perdoe pelo trocadilho), eu sabia que teria mudanças, porém nunca achei que fossem ser totalmente boas ou ruins, na verdade, após o meu aniversário, ficou bem claro para mim que seria um ano de extremos, seja tanto para o bem quanto para o mal. Faltam 23 dias pro ano encerrar, mas para mim é como se fosse um ano inteiro pela frente ainda, como se a cada dia ou a cada semana fosse ter mais alguma coisa, mais alguma revelação.
Como eu disse, eu sou bom com as palavras, escrevendo é o único jeito que encontro pra expressar meus sentimentos da maneira mais sincera. Quando eu escrevo, eu sinto os meus pensamentos, é como se eu deixasse claro para mim o que sinto e por quem eu os sinto, na fala fica algo solto, é como se eu duvidasse a cada momento dos meus sentimentos, é como se todos eles entrassem em conflitos, como se todos fossem dúbios, ao mesmo tempo tudo o que eu sinto é verdade e tudo é mentira.
Eu me sinto preso como se estivesse numa cela de vidro onde todos pudessem me ver e me julgar, é como se eu não tivesse escolha nem sobre o ar que respiro e independente da solução para o problema, eu ainda me acharia um falso. Porém quando eu escrevo, eu sinto um pouco da loucura que vai se esvaindo, como se aos poucos tudo deixasse de ser um quarto escuro e silencioso, e se tornasse um lugar com uma luz que entra pelo telhado, é como se ao fundo eu ouvisse uma música que além de paz, trouxesse um pouco de sanidade aos meus olhos e ouvidos, é como se tudo fizesse sentido mesmo que por poucos minutos.
Não tenho medo de 2020, sinto que será um ano bom, apesar do pesares, e que trará muitas mudanças, mas esse fim de 2019, é como se tivesse algo me esperando, como se ainda faltasse algo.
Esse conto foi escrito por Cleiton Xavier para o Contos Iradex. Para reprodução ou qualquer assunto de copyright o autor e o blog deverão ser consultados.