Obsessão | Resenha | Iradex

Obsessão | Resenha

Em Louca Obsessão, filme de 1990, a enfermeira Annie vivida por Kathy Bates, tortura um escritor, de quem ela era fã, ao descobrir que ele iria matar sua personagem favorita. Já em Retratos de uma Obsessão, de 2002, o solitário funcionário de uma loja de revelação de fotos, vivido por Robin Williams, desenvolve uma obsessão por uma família através do que vê em suas fotos. Lisa, personagem de Ali Larter em Obsessiva (2009), persegue o colega de trabalho bem sucedido na vida profissional e no casamento, vivido por Idris Elba (ok, quem pode culpá-la, não é mesmo?).

Em todos esses casos, e em tantos outros que tratam desse tema no cinema, o vilão da história deseja aquilo que não pode ter e acha que seus atos são justificáveis, a ponto de torturar seu objeto de desejo na surreal hipótese de depois disso receber amor de volta (?!).

Em Obsessão, filme de 2019, a premissa parece a mesma: uma idosa viúva solitária encontra em uma jovem a amizade e o carinho que uma filha poderia lhe dar, mas a diferença é que a jovem também encontra nela algo que está faltando em sua vida, iniciando assim uma amizade repentina e que em outras situações seria pouco provável.

Frances (Chloë Grace Moretz), que se encontra fragilizada por ter perdido a mãe a pouco tempo, encontra uma bolsa no metrô. Ao invés de chamar o esquadrão anti bombas (amo a paranoia americana), ela decide devolver a sua dona, Greta, vivida pela indicada ao Oscar de Melhor Atriz Isabelle Huppert. Ao trocar gentilezas, as duas começam a se aproximar até que Frances descobre a verdade sobre a bolsa perdida e o filme se torna tenso até o final.

Pontos como a maneira que elas se conheceram, o fato de Frances sentir falta da figura materna e não se dar bem com o pai e o jeito encantador e inteligente de Greta nos fazem crer que a amizade entre elas não estava sendo forçada, mesmo que causasse estranheza em outros personagens. Isabelle Huppert encara o comportamento obsessivo de Greta de uma maneira fenomenal nos causando terror apenas por aparecer em cena, e a maneira inteligente de como Frances tenta lidar com a situação torna tudo mais interessante e crível.

Por vezes, achamos que vai cair no clichê, mas a maneira como Frances lida com sua stalker e todos os segredos que vamos descobrindo aos poucos a respeito de Greta torna o filme interessante até o final, pregando algumas peças em nós mesmos, que estamos tão acostumados a esse tipo de filme que ficamos achando o tempo todo já saber como vai terminar.

Se surpreenda também com Greta nos cinemas.