Homem-Aranha: De Volta ao Lar | Resenha | Iradex

Homem-Aranha: De Volta ao Lar | Resenha

Um novo Homem-Aranha definitivo

O que eu sempre ouvi em relação ao verdadeiro Homem-Aranha foram as lamentações dos fãs sobre o potencial desperdiçado pela Sony, que teoricamente poderia ser muito bem aproveitado nas mãos da Marvel Studios.

Algo que soava estranho, considerando que o Universo Cinemático Marvel já tem 15 filmes protagonizados por pelo menos 10 heróis diferentes. Fora as centenas de opções de heróis publicados pela Marvel que ainda poderiam ser explorados.

Eu nunca li quadrinhos do Cabeça de Teia. Ficava a dúvida então de quem seria esse Homem-Aranha que ainda não era o Tobey Maguire nem o Andrew Garfield. E como ele seria diferente de tudo o que a Marvel já estabeleceu nos cinemas até aqui.

Agora fui apresentado à terceira versão do personagem e mesmo sem saber dizer qual seria a mais verdadeira ao material original ou melhor adaptada, me deixei convencer mais uma vez de que esse é o Homem-Aranha definitivo. Um novo herói para uma Marvel que precisa testar coisas novas.

Quem é o novo Homem-Aranha?

A história de origem desse personagem já aconteceu quando ele serviu de alívio cômico para uma cena de ação em Capitão América: Guerra Civil. Agora, em seu filme próprio, o Homem-Aranha garante a melhor comédia dentro desse universo que já tinha de quase tudo.

A Marvel já mostrou heróis que iam de gênios e bilionários à ladrões e caçadores de recompensa. Mas ainda não havia aparecido um herói que refletisse algo tão simples como a experiência de ser adolescente e crescer.

Esse ainda é um filme de herói em que você sabe exatamente quais batalhas serão ganhas ou perdidas. Pelo menos até o momento da grande surpresa do filme que, sem entrar em detalhes, faz a humanidade do jovem Peter engolir seu lado de luta contra o crime. Um daqueles casos em que 1+1 = 3.

O vilão tem motivações simples mas que se sustentam sem problemas para passá-lo como um dos melhores vilões da Marvel (o que não é tão difícil assim). É muito bom saber que os trailers que pareciam entregar inteiramente um filme genérico, foram um disfarce que só mostrava a parte que menos importa.

Quem é o novo Peter Parker?

A tomada que grudou na minha cabeça mostra um corredor de escola. Peter entra em quadro por uma porta e anda alguns segundos, até ter uma reação súbita! A caminhada é interrompida no meio do passo e o corpo se contrai, então ele retoma o andar, sem ritmo, tentando em vão disfarçar o susto. Só com isso já sabemos exatamente quem vai entrar em quadro um segundo depois na direção oposta.

O trabalho de corpo do Tom Holland é excelente para mostrar as reações de um introvertido por natureza. Esse é o Peter Parker que transforma os contatos sociais mais simples em uma situação dolorosamente esquisita. Existe uma diferença perceptível entre as conversas com estranhos e as com pessoas do seu núcleo mais próximo.

Um dos grandes acertos é justamente criar núcleos bem concentrados. Os vilões saem de um mesmo grupo, assim como os amigos (e o bully) estão concentrados no clube de debate da escola. Fora isso, existem as participações pontuais do núcleo Tonny Stark e Happy, além das interações com a incrível Tia May, vivida por Marisa Tomei, que geram o momento que mais me emocionou na trama.

A ligação que Peter tem com o seu pedacinho de Nova Iorque é melhor registrada no início, durante suas rondas de vigilante, e pela diversidade de pessoas que ele encontra no decorrer da sua aventura. Essa diversidade do elenco é uma celebração das pessoas de diferentes origens que normalmente se encontraria em um dia comum nos EUA de hoje, mas também serve de lembrete para o que espera Peter no futuro.

Esse é o primeiro passo na construção de um personagem que ainda deve ter papel fundamental em uma aventura em escala global (e eventualmente intergalática) nos próximos filmes da Marvel Studios. E que pode, pela primeira vez nesse universo, ser um herói que transcende os seus interesses locais para se conectar com um mundo inteiro de culturas, crenças e aparências. E que também precisa ser salvo.