Mixtape #12: As Minas Brasileiras | Iradex

Mixtape #12: As Minas Brasileiras

De forma bem particular, esse tipo de som, sempre que possível, faz parte do meu setlist. O porquê? Pois musicalidade feminina tem sempre uma forma despretensiosa e talentosa de alçar um pioneirismo.

Então vamos escutar as mana brasileira que proporcionam alegria à alma por meio da música, encontrando a beleza na vida e na resistência e recriando na arte.

Luedji Luna

Vem tranquilidade, vem paz, escutando Luedji a única frase que atravessa a mente é "ver o amor como um abraço curto pra não sufocar". Não por falar de amor – pois suas letras são bem mais do que isso – principalmente quando se trata de amor próprio e de jornada pessoal – exemplificado Um Corpo no Mundo que traz poeticamente "Eu sou a minha própria embarcação, sou minha própria sorte", contudo por remeter entre melodias e vocais uma tranquilidade que só o sentimento de plenitude consegue explicar.

Apesar de ser minimalista seu som, há um quê de complexidade em sua harmonia – sem grandes crescimentos na escala, porém um aproveitamento de tempo, entre notas que divagam num espaço de tempo pensado minimamente. Atrevo a dizer que Luedji é uma das artistas que serão marco para um novo MPB.

Na música Banho de Folhas há a junção de diversos estilos musicais, que demarcam seu estilo de uma maneira justíssima, afro-brasileiro, jazz e blues, porém com um quê de "samba".

Um Corpo no Mundo

Banho de Folhas

Xênia França

Sendo totalmente divergente, apesar de pertencerem a uma mesma caracterização musical, colocando em outras palavras, apesar de suas influências serem parecidas, aqui temos uma forma mais belle caótico de desenvolver a harmonia. Trazendo pra suas tracks um crescimento da escala harmônica que sempre vai achar o ápice exponencialmente e retornar de forma bem suave. Ou seja, há um encontro da sensação de completude em suas músicas.

Quanto a estética da criação da artista, não preciso descrever em muitas palavras. Que clipe é esse?! A simbologia tratada a cada frase que a artista fala. Há uma modernidade inserida em uma música que trata de uma luta de uma forma totalmente inteligente – e apesar de direta, tem uma dualidade sutil escondida de forma poética.

Na segunda track que escolhi, foi a primeira que conheci da artista, uma música que transcende; porém, usando de sons não só que seriam óbvios – aqui há uma evocação dos sentindo usando instrumentos musicais inesperados em um vocal apressado.

Pra que me chamas?

Preta Yayá

Lorena Nunes

Quem já me viu tocando, tá cansado de saber que vai rolar no meu set uma música desse ser humano maravilhoso! Você quer samba? Você quer dançar? Você que espantar toda a sensação "isso tudo é demais".

É som leve, porém extremamente feliz e dançante, que você quer, bb? Pois toma.

Além de tudo uma conterrânea cearense.

Resumindo o que é o novo som cearense, e pra onde com toda certeza iremos estar convergindo – é por aqui que começa. Com uma artista que a exaltação de felicidade se inflama na melodia.

Conquanto suas letras não são tão simples quanto eu fiz parecer, ela só trata de questões de uma maneira leve e desapegada. Buscando a felicidade como uma forma de resistência, então as conotações mais significantes estarão astutamente escondidas aqui e ali.

Alegria Amarela – Foi a primeira música que entrou no meu set, ao escutar vocês conseguem entender o porquê sem eu ter de falar muito mais do que – pois bem, é uma música de qualidade hiperbólica. Os timbres da cantora casam perfeitamente com a estética criada. Além de ser uma música intensa.

Doido por mim – essa é a minha favorita, sem dúvidas. Talvez essa mistura de groove com cultura alencarina, além do vocal ter um certo tom de ironia entregue.

Alegria Amarela

Doido por mim

Cynthia Luz

A rapper moderna dessa lista maravilhosa, aqui o som é pesado cada beat você sente o peso, cada nota perdura um tempo para que você sinta na sua alma. Só que há um flow bem leve disfarçado nesse peso melódico. Há uma entrega enorme do artista no som, dá pra sentir que você é transportado em cada nota para o que a artista estava sentindo quando fez e quando cantou a track, mas isso também é devido ao vocal ser inteiro tendendo para as oitavas mais graves. – O interessante é que enquanto escutava suas músicas me percebi com uma descrição perfeita da artista quanto musicista na sua própria letra.

"Eu soube pra que eu vim, tudo tão simples, mas tô complicando pra sentir mais, abrir mais, reconhecer paz, amar demais".

Quanto suas músicas, bem, criei uma conexão bem maior com Sejas bem feliz – considerando que consegue descrever muito a minha relação com a música, e isso acaba tornando muito fácil de empatiza – além de ser uma música que apesar de ter um groove pesado que é sua assinatura, é um pesado mais fluído.

Deixa ela

Sejas bem feliz

Playlist


Hanna Pinheiro, DJ desde 2010 das grandes festas de rock de Fortaleza, destaque das noites da cidade com várias referências nos sons nacionais e também uma pesquisadora de musicas novas. Já foi DJ residente do Orbita Bar e DJ da Festa Fliperama. Atualmente tem residência no Berlinda Club.