Homem-Aranha no Aranhaverso | Resenha | Iradex

Homem-Aranha no Aranhaverso | Resenha

PJ: Ei, bora fazer aquele texto lá, sobre o Homem-Aranha no Aranhaverso? Tô com uma ideia aqui.

JP: Diga.

PJ: Que tal a gente fazer o texto tipo um diálogo? A gente vai papeando e montando junto?

JP: Pode ser.

PJ: Por exemplo, eu tava pensando que esse filme é meio que uma grande homenagem ao Homem-Aranha, um filme pensado para todas as gerações que viveram em contato com esse símbolo desse cara que se lasca muito na vida mas que, apesar disso, sempre tá lá pra salvar os outros. Tu consegue lembrar alguma das tuas primeiras lembranças da tua vida com o Homem-Aranha? Lembrança sentimental mesmo.

JP: Macho, sentimental não. Eu só lembro de ter sido o último a comprar ingresso numa sessão lá no Shopping Benfica. De Homem Aranha 2.

PJ: Justo. Legal que eu tenho um monte de lembrança antiga do Homem-Aranha, mas acho que a que mais me marcou foi também com Homem-Aranha 2. Eu não tinha assistido o primeiro, e meu pai levou eu e mais dois vizinho meus, tudo criança, pra assistir no Cine São Luiz. Acho que isso influencia muito no fato de até hoje eu achar esse segundo filme da trilogia o melhor do Homem-Aranha até hoje. Até hoje, porque não sei mais com esse do Aranhaverso. O que tu achou da animação? E o que tu achou da animação como mais um filme do Homem-Aranha?

JP: Como um filme do Homem-Aranha, eu achei que é um dos melhores também. Não consigo dizer se gosto mais desse, de De Volta Para Casa ou do 2 do Sam Raimi, mas um dia eu vejo eles de novo e decido.

Eu gostei da animação de todo jeito possível que se pode gostar de uma animação. Gostei da parte de roteiro e direção que também dá pra destacar num filme live action, mas principalmente nas partes que são mais características de animação mesmo. Tudo bem que direção de arte não é algo exclusivo, mas o jeito que o filme é feito visualmente, emulando o estilo dos quadrinhos antigos, usando as retículas e aberrações cromáticas que eram comuns na época, é usar a mídia de animação do jeito mais legal possível, fazendo coisas que em outros tipos de filmes não seriam possíveis. Ou, se fossem, seriam consideradas estranhas ou bizarras.

Isso além dos estilos diferentes pra cada Aranha. Eles fizeram 3 ou 4 estilos visuais diferentes funcionarem em um filme só, com o Noir em preto-e-branco, o Porco inspirado num personagem dos Looney Tunes, e a Peni feita com base em animes (ou num entendimento ocidental mainstream de como são animes). Também tem o uso constante de onomatopeias (coisa que eu acho que não via parecido desde o filme do Scott Pilgrim), balões de pensamento e recordatórios (palavra que aprendi contigo, obrigado), além de outras coisas de quadrinhos, como as introduções dos personagens e algumas transições de cena. Que que tu achou do uso da linguagem de quadrinhos no filme?

PJ: Cara, eu achei um dos grandes diferenciais em questão de animação. Eu sinto que esse filme é excelente em si mesmo, começo, meio e fim muito bem amarrados, cenas de ação bonitas, uma fotografia bem pensada. Mas quando a gente para pra pensar ele como um diálogo com mídias, filmes e histórias anteriores, ele conquista novas camadas. Ele utiliza a onomatopeia, os recordatórios, os balões de fala e de pensamento como elemento narrativo.

Se a gente parar pra pensar que balões de fala e de pensamento não costumam existir no cinema porque fala e pensamento já são ouvidos normalmente, pois são efeitos sonoros, usar representações gráficas desses elementos pode ser redundante. Aqui não. Há um motivo pra tudo. E é isso que eu acho que o filme ganha comigo todos os pontos: tudo nele importa, nada é banal, até um simples diálogo entre dois personagens tem jogos de câmera, humor, movimentação de personagens. Ah, afinal: e o Nicolas Cage?

JP: Apareceu menos do que eu achava e queria que ele fosse aparecer, mas apareceu bem. Tá bem canastrão e combina muito bem com o personagem! Só pensei que ele fosse fazer uma voz mais soturna, esquema Batman, mas a voz de Nicolas Cage é perfeita, não precisa disso. Só senti falta de desenvolverem mais o personagem dele e os outros dois Aranhas mais diferentões (a Peni e o Porco), mas isso não seria possível sem esticar muito a narrativa, e nem necessário, já que os principais aqui são o Peter, a Gwen e, principalmente e de jeito excepcional, o Miles.

PJ: Eu saí do filme com a impressão de que caberia um filme próprio pra cada um dos personagens. Ou mesmo curtas. E que todos seriam muito bons. Isso é admirável no filme também: dá vontade de você querer conhecer mais daquele universo. Ou daqueles universos.

JP: Filmes solos seriam legais, mas acho que a interação entre eles é ainda mais legal.

PJ: Sim, são personagens com muita química. O que tinha tudo pra ser uma bagunça, é muito bem arquitetado. Das falas às (várias) cenas de ação. Qual a nota do filme pra ti?

JP: Um 9.5 seguro.

PJ: Justíssimo. Eu vou de 10. E já fico no aguardo dos próximos filmes

JP: Tem que ter.

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Homem-Aranha no Aranhaverso estreia no Brasil no dia 10 de janeiro de 2019. É um filme dirigido por Bob Persichetti, Peter Ramsey e Rodney Rottman. Conta com Shameik Moore, Mahershala Ali, Jake Johnson, Hailee Steinfeld, Lily Tomlin, Zoë Kravitz, Liev Schreiber, Chris Pine e Nicolas Cage no elenco de dublagem.