Do Struggle ao Mumble | Ye | Iradex

Do Struggle ao Mumble | Ye

Kanye West não é tão conhecido por sua capacidade como liricista, mas pela sua carreira como produtor. Ele possui versos memoráveis, mas esse é de longe seu ponto mais forte na música. Sua cabeça funciona um pouco diferente para música. Veja o relato de ninguém menos que Sir Paul Mccartney sobre como é o trabalho com Kanye:

Todo álbum do Kanye possui alguma polêmica, ele faz tudo para gerar buzz o suficiente para tentar quebrar seus recordes. Algumas pessoas acharam que Kanye tinha ido longe demais dessa vez com toda a sua polêmica com o boné do MAGA e com a frase “Talvez, a escravidão foi uma escolha, porque 400 anos me parece uma escolha” durante uma entrevista para  a TMZ. A verdade é que a polêmica ajudou a dar gás para seu novo álbum. Em uma entrevista com um dos radialistas de rap mais relevantes dos EUA, Big Boy, Kanye revelou que refez completamente o álbum após a entrevista com a TMZ.

O álbum é intitulado Ye, um dos apelidos do Kanye, porém, na mesma entrevista com o Big Boy, ele explicou que Ye é umas palavras que mais aparece na Bíblia, e que significa You (ao contrário de Kanye que significa Only One). Como falei no artigo que colocava a culpa de tudo no Kanye, ele é um cristão e nunca escondeu isso.

Com uma duração de 23 minutos e apenas 7 músicas, o álbum poderia ser classificado com um EP, mas já é o suficiente para estar qualificado para ser indicado ao Grammy.

A primeira música começa com uma declamação de um poema é intitulado I Thought About Killing You. Essa música aborda, de uma forma sutil, a bipolaridade do artista com as seguintes linhas:


The most beautiful thoughts are always besides the darkest
Today I seriously thought about killing you
I contemplated, premeditated murder
And I think about killing myself
And I love myself way more than I love you, so…
Today I thought about killing you, premeditated murder
You'd only care enough to kill somebody you love

A produção das batidas e dos samples está, como se espera, impecável. Até agora a música que mais ficou na minha cabeça com o sample é Wouldn’t Leave em que Kanye reutiliza Baptizing Scene do Reverend W.A Donaldson, que já havia sido utilizado na música N**** In Paris do saudoso album Watch The Throne com Jay Z.

Esse é o álbum que mais toca no lado pessoal de Kanye desde Graduation na minha opinião, e mesmo com as brigas é quase impossível não comparar esse álbum com 4:44 do Jay Z, que foi lançado ano passado. Os 2 rappers já estão em outra fases de sua vidas e o que parece mais fazer sentido para eles é como suas famílias ficarão no futuro. Na música Wouldn’t Leave, Kanye fala sobre como foi a recepção da sua esposa quando ele começou com as polêmicas no Twitter, o refrão dessa musica é simples e forte:

And I know you wouldn't…

Esse álbum serve para mostrar que o artista é o reflexo das suas ações. Talvez, se Kanye não tivesse começado com a polêmica, esse álbum nunca seria concebido.

O álbum é encerrado com Violent Crimes, que conta  com um Coro maravilhoso dá 070. A música fala sobre o medo de Kanye de ter uma filha e não querer que nada de ruim aconteça com ela:

Niggas is savage, nig*** is monsters
Niggas is pimps, nig*** is players
'Til nig*** have daughters, now they precautious
Father, forgive me, I'm scared of the karma

I answered the door like Will Smith and Martin
Nig***, do we have a problem?

Don't do no yoga, don't do pilates
Just play piano and stick to karate
I pray your body's draped more like mine
And not like your mommy's
Just bein' salty, but nig*** is nuts
And I am a nigga, I know what they want

Estou finalizando esse texto no dia 06/06/2018, uma quarta-feira. O álbum foi lançado no dia 01/06/2018 e até agora escutei 86 músicas do álbum, o que dá quase 13 execuções completas. Acho que o hype do Kanye me pegou.

Escutem e tirem suas conclusões:


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Do struggle de ter sua música reconhecida como arte e como algo rentável, ao ponto de fazer sucesso apenas com Mumble, essa coluna te ajuda a entender como o RAP virou a música mais escutada do mundo.