Quem curtiu o primeiro Deadpool, lançado lá em 2016 com um orçamento bastante tímido para um filme de herói, ficou com uma dúvida na cabeça: será que a piada funcionaria novamente? Seria muita pretensão responder isso aqui, mas apesar de sabermos exatamente o que encontraremos numa história do mercenário, esta sequência realmente é um passo adiante em relação ao primeiro.
O projeto entrega o que promete: diversão, cenas de ação, referências ao mundo pop e muita metalinguagem. Ryan Reynolds, mais à vontade ainda na pele do mercenário, não cansa de quebrar a tal “quarta parede” e conversa com o público inúmeras vezes, deixando de ser um narrador e tornando-se praticamente um divertido comentarista da própria história. Ele consegue ter o timing do humor sem ser enfadonho, porém correndo o risco das constantes referências a outros personagens de HQ´s deixarem o público geral perdido.
A trama é bastante simples e não foge muito do que se espera de uma história de super-herói, mas esta característica é o que permite que o personagem brinque com os clichês deste tipo de narrativa. Até mesmo o arco dramático (não muito profundo) é apresentado de forma leve, nunca se levando a sério, o que definitivamente é a melhor qualidade do longa.
A presença de Cable, vivido por Josh Brolin (Sim, o Thanos. Sim, teve piada sobre isso.), poderia ser um pouco mais explorada devido a origem do personagem, porém este não é o foco da trama, e a tão esperada química com Deadpool não rendeu, apesar da boa movimentação e interação de ambos nas cenas de ação. Estas apresentam bastante influência dos ótimos filmes de ação “De Volta ao Jogo” e “Atômica”, que também foram dirigidos por David Leitch, hoje queridinho de Hollywood quando se trata de porrada.
Com bastante competência e sem amarras, já que o protagonista tem um tom cartunesco que muito lembra o Máskara, Leitch vai ao limite do gore, contudo peca nos momentos em que a computação gráfica é mais exigida.
A aparição de alguns mutantes inesperados dá um sabor especial para quem é fã do universo de X-Men e a sequência hilária das cenas pós-créditos pode fazer uma interessante ligação para o futuro da franquia na Fox.
Deadpool é realmente um produto fácil de se vender, no melhor sentido dessa expressão, sendo de fácil acesso para um público que nunca acompanhou quadrinhos, mas que tem conhecimento de outras áreas da cultura pop. Com absoluta certeza, o maior acerto da carreira de Ryan Reynolds que, com bastante esportividade, soube aproveitar o personagem para exorcizar seus fracassos, deixando a sua contribuição digna para o entretenimento.