Numa noite de apagão elétrico recente no Nordeste, deitei na rede estendida na varanda, peguei o leitor digital e abri o livro TUDO QUE É BELO. Publicado pela Editora Todavia, ele reúne 45 histórias reais narradas no palco do The Moth.
The Moth (A Mariposa) é uma organização sem fins lucrativos dedicada à arte de contar histórias. Criada em 1997 por amigos que se reuniam nas varandas do interior dos Estados Unidos, onde mariposas são atraídas pela luz e boas conversas.
A iniciativa tornou-se um fenômeno internacional com mais de 20 mil relatos de famosos ou desconhecidos em eventos pelo mundo. Narrativas transformadas em podcast e agora transcritas em livro, celebrando o 20º aniversário do programa.
Em sessões temáticas, pessoas sobem no palco e contam suas experiências de vida compartilhando dores, alegrias, conquistas, fracassos e memórias.
• A jovem que cortava o cabelo da Sra. Jones, que sempre falava de seu filho músico, e mudou de vida ao virar cabeleireira e estilista de um tal David Bowie.
• O garoto que roubou o avô para comprar um tênis da moda e perdeu sua confiança, mas trabalhou para devolver o valor e recuperar a admiração antes do avô morrer.
• A escritora sul-coreana que viveu clandestinamente como professora na Coreia do Norte investigando comportamento, limitações e auto-mentiras dos jovens.
• A pior semana na vida da Dra. Mary King com abandono de marido, filha pequena, mãe doente e assalto em casa. Tudo isso nas vésperas de viagem para obter subvenção ao trabalho que culminou na comprovação que o câncer de mama é hereditário.
• O rapper que encontrou Laurence Fishburne duas vezes. Na primeira, o ator estrelava o clipe do seu grupo de hip-hop. Na segunda, ele era o segurança de uma pré-estreia.
Pequenas e íntimas ou grandes e compartilhadas, as histórias ganham valor ao ser conhecidas pelos outros e registradas para que lembremos o que é ser humano.
Numa noite estrelada, essa leitura me fez lembrar das férias em família e amigos. Onde não chegava Internet e a roda de histórias, assustadoras, engraçadas ou mentirosas, era o entretenimento noturno ao lado de mariposas e morcegos.
O Moth nos conecta como seres humanos. Porque todos temos histórias. Ou talvez porque já somos, na condição de humanos, uma colagem de histórias. - Neil Gaiman
Leia o prefácio por Neil Gaiman que conta como conheceu e entrou no The Moth.
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