Por Mackenzie Melo
Eu tinha entre 16 e 17 anos quando assisti Darkman (1990).
Naquela época, tudo de ação que aparecia no cinema – neste caso, na locadora de fitas de vídeo perto de casa [caramba, já tinha esquecido que a gente tinha que andar até a loja, procurar as fitas, conversar com o atendente e levá-las para casa] – a gente pegava para assistir.
O ator principal desse filme era um tal de – para mim, até então desconhecido – Liam Neeson. Parecia novo, mas já era velho, afinal de contas ele devia ter mais ou menos a idade de meu pai. Gostei demais da aventura, tanto que lembro até hoje das cenas dele trocando de máscaras para ir atrás do cara que o deixou desfigurado e quase o matou. O filme fez tanto sucesso que gerou continuações. Dessas não lembro. Deviam ser bem ruins. 😊
Quase 30 anos depois, reencontro Liam Neeson mais uma vez, hoje no cinema. Olho para ele e penso, “Esse cara ainda faz filme de ação? E parece não ter envelhecido nada. Sei que ele é velho, mas não parece a idade que tem. Quantos anos ele tem mesmo?” São Google me respondeu: 65 anos. Já não parece tão velho quanto me parecia quando eu era mais novo.
O filme em questão é The Commuter (2018) e Liam Neeson, mais uma vez, é um cara normal, Michael, que para ir ao trabalho pega o mesmo trem, no mesmo horário, todos os dias, nos últimos 10 anos.
A introdução do personagem e sua vida em família logo no começo do filme me pegou de surpresa positivamente. O diretor espanhol Jaume Collet-Serra (A Casa de Cera, Sem Escalas) faz uma montagem espetacular de momentos da vida de Michael com sua esposa, interpretada por Elisabeth Montgomery (Downton Abbey) e seu filho, onde mostra de maneira rápida, mas muito eficiente, a rotina, as tristezas e alegrias, facilidades e dificuldades de uma família comum, como a minha ou a sua. Para mim, esses minutos iniciais são uma aula de como se deve fazer passagem de tempo no cinema. A cena em que ele entra na Grand Central em Manhattan é espetacular.
Bom, mas e o plot do filme? Michael é abordado no trem por Joanna, uma mulher desconhecida, que diz querer fazer um teste hipotético com ele. O teste é para que ele encontre uma pessoa no trem e que essa pessoa não deveria estar nesta viagem. Joanna diz a ele que isso irá afetar profundamente a vida desta pessoa. Diz que se ele fizer isso ganha cem mil dólares. O teste é para descobrir que tipo de personalidade ele tem. Ela então pergunta, ‘Que tipo de pessoa você é?’
A partir daí, descobrimos que o teste não era hipotético. Então, uma sucessão de acontecimentos o coloca no meio de diversos problemas que afetarão não apenas sua vida pessoal como também a de vários dos passageiros da linha Hudson que os leva da Grand Central até a parada final em Cold Spring.
The Commuter é um filme cheio de ação e mistérios – me fez lembrar um pouco de Agatha Christie, mas mais por causa do trem do que necessariamente do investigador. Nos faz ficar na beira da cadeira em alguns momentos, mas também deixa um pouco a sensação de que algo faltou para ser realmente um filme memorável. Apesar de algumas cenas serem boas de ver na telona, esse parece ser um bom filme para se assistir em casa, quando aparecer nos serviços de streaming [felizmente não precisamos mais ir à locadora, não é?].
Assim, se tiver um outro filme no dia em que você for ao cinema, assista o outro. Se não tiver, embarque no trem com Liam Neeson e se prepare para uma viagem de perigos, ansiedades e incertezas.
Uma pergunta final. Que tipo de pessoa é você? Vai ao cinema para ver todo tipo de filme ou prefere ficar no conforto de sua casa e não gastar dinheiro com essa bobagem de ver filme em tela gigante?
Não, não estou oferecendo nenhuma recompensa pela sua resposta.