Ruma de Palpiteiros no Oscar 2017: Nossas escolhas pessoais entre os indicados | Iradex

Ruma de Palpiteiros no Oscar 2017: Nossas escolhas pessoais entre os indicados

No Brasil não é tarefa fácil acompanhar o ciclo de filmes indicados ao Oscar. A distribuição brasileira desses filmes só acontece no começo do ano, já bem próxima da cerimônia.

Mesmo com essa complicação muitos de nós insistimos na tradição de assistir aos indicados - pelo menos os das principais categorias - para poder debater as escolhas da Academia e para colocar nossas apostas nos bolões entre amigos.

No meio das nossas maratonas acabamos se encontrando para trocar informações sobre as obras que nós amamos… e sobre as que odiamos de todo coração. Foi o que aconteceu no grupo de Padrinhos e Madrinhas do Iradex - que você também pode participar ajudando aqui na nossa campanha.

O que você vai ler agora são as opiniões pessoais de pessoas comuns, que têm em comum o prazer de gostar bastante de cinema. Quase nenhum deles é especialista para poder dar pitacos certeiros e muito menos se baseiam nas tendências previsíveis que o Oscar costuma aplicar para distribuir prêmios.

Mas todos, com certeza, tem motivos de sobra no coração para defender cada escolha aqui publicada.
Os vencedores do nosso coração são…

Borrowed Time

Borrowed Time

Melhor Canção Original

Pines: Mesmo em comparação com as outras composições na lista (mesmo os principais concorrentes de La La Land), How Far I’ll Go de Moana é uma canção cuja força se destaca. Além de ser a chance do Lin “homão da porra” Manuel ficar mais perto de um EGOT!

Vini: Cidade das estrelas, você está brilhando apenas para mim?
Cidade das estrelas, há tanto que não consigo enxergar.
Quem sabe?
Eu senti desde o primeiro abraço que te dei, que agora nossos sonhos.
Eles finalmente se realizaram.

Melhor Curta em Animação


Emilia
: Fiquei em dúvida entre Borrowed Time e Piper, porque a história e a qualidade de Borrowed Time é inquestionável, mas Piper falou mais direto ao meu coração, quando mostra a coragem de um pequeno Maçarico ao enfrentar seu maior medo.

Pines: Estamos cada vez mais próximos das primeiras animações impróprias para crianças chegando ao patamar de blockbusters. Sausage Party foi uma tentativa e, ao que tudo indica, até Carros 3 será um ensaio dessa nova tendência. Com Borrowed Time nesse cenário a Pixar mostra que está muito bem posicionada para ocupar mais uma vez seu papel de pioneira.

Melhor Trilha Sonora

Vini: Lion: Uma Jornada Para Casa mostra a beleza das cenas em cada nota. A Trilha mostra constantemente a melancolia e a busca pelo passado, pesando a mão na dor - do personagem e do espectador. Sua melodia sempre denota movimento aos atos e dá tom a busca pelas raízes do personagem principal. Utilizando temas cíclicos para justificar a jornada, a trilha fica angustiante e difícil, emocionalmente, de ser ouvida conforme o filme avança. Dustin O'Halloran e Hauschka Dustin transmitem toda essa fissão de sentimentos com uma trilha bela e sofisticada.

Melhor Longa Estrangeiro

Emilia: Terra de Minas. Após findada a Segunda Guerra Mundial, garotos recém entrados na adolescência são convocados pelo exército alemão para atuar em uma missão arriscada: a de desarmar minas montadas nas praias da Dinamarca.

Rudy: The Handmaiden.
"Mas Rudiney, ele não tá na lista."
Mas ele é o melhor.
"Não pode escolher um filme fora da lista"
Tá bom, Terra de Minas então. Mas The Handmaiden é melhor.

Melhor Figurino

Vini: Madeline Fontaine usa em Jackie um figurino clássico dos anos 60 para mostrar sobriedade com glamour e costumes bem cortados, como a alta costura sempre reverenciou Jacqueline Kennedy. Um ícone da moda, a ex-primeira dama ditou a tendência de uma década e está retratada com figurinos esplêndidos até nos detalhes. A reconstituição de época, seja no guarda roupa dos membros do alto escalão do governo norte americano ou mesmo os guardas da cavalaria no funeral de John, são estonteantes.

Melhor Documentário em Longa-Metragem

PJ: A 13ª Emenda é uma aula sobre a contemporaneidade e de como a história reverbera no mundo em que vivemos hoje. Dirigido pela Ava Duvernay e produzido pela Netflix, motivos suficientes para torcer pelo longa nesse Oscar, o filme é um apanhado visual e sonoro (Cinema é isso no fim das contas) da questão negra nos Estados Unidos e no mundo.

Pines: Apesar de O.J. Made In America ter seus méritos por abordar temas parecidos para apoiar uma visão ampliada do caso O.J. Simpson, no final a produção da ESPN se empalidece na comparação com a abordagem direta de A 13ª Emenda de Ava Duvernay.

Zootopia

Zootopia

Melhor Animação

PJ: Dia desses tava assistindo Mogli, aquela animação da Disney. Quando você presta bem atenção na animação, você consegue perceber o lápis que sobrava entre um frame e outro que fora desenhado pela mão de uma pessoa. As animações atualmente pouco me fazem suspirar imaginando o trabalho que deu de fazer aquilo, e a que me fez ficar de olho arregalado foi Kubo e as Cordas Mágicas. A beleza desse filme talvez seja um dos seus principais problemas, o longa se dedica vez ou outra mais a ser bonito que ter uma história instigante. No entanto, continua sendo meu favorito. Basta ver os vídeos de bastidores de Kubo e As Cordas Mágicas para se arrepiar com a produção e com o que se vê nas telas. O que me faz também tê-lo como favorito em Melhores Efeitos Visuais.

Thayná: Categoria de animação é sempre a mais difícil para mim pois sou uma pessoa fissurada em animações mas esse ano teve uma em especial que tocou meu coração. A Tartaruga Vermelha é o tipo de animação que toca no fundo da alma, mexe com os sentimentos, faz você pensar e tudo isso sem ter um diálogo sequer. O filme tem uma fotografia linda, uma trilha sonora que te envolve e efeitos sonoros muito bons.

Pines: Ao invés de se contentar com um tema central poderoso, Zootopia - Essa Cidade é o Bicho ainda arranja tempo para ser uma excelente aventura noir sobre uma dupla improvável de investigadores. Essa mistureba de temas só dá certo porque o humor de referência em seu roteiro é muito bem aplicado, sempre contribuindo para o avanço da trama. Até se dando ao luxo de usar uma sequência inteira só para contar a melhor piada sobre Bichos-Preguiça da história do cinema.

Vini: Zootopia é o típico filme Disney: perfeitinho, com fotografia, trilhas e roteiro bem acertados. Divertida, a animação acerta de verdade é com uma bela mensagem sobre empoderamento, direitos, autoestima e coragem.

Lívia: Quem eu quero que ganhe? Moana: Um Mar de Aventuras. Melhor animação que já assisti na minha vida! Quem eu acho que vai ganhar? Zootopia: Essa Cidade é o Bicho.

Emilia: Desculpa, Moana, mas Zootopia é o bicho! 😉

Hidden Figures

Hidden Figures

Melhor Roteiro Adaptado

Pines: Antes de assistir Estrelas Além do Tempo eu fiz o comentário de que este parecia um “filme de sessão da tarde”. E em muitos sentidos as minhas expectativas se cumpriram. Se há uma característica que me deixou apaixonado por esse roteiro é o didatismo em suas mensagem que, sim, o faz ser palatável até para o espectador médio. É um filme para ensinar ciência e história, afinal! Isso já não é pouca coisa. Seu modo de ser acessível não permite elaboradas analogias visuais ou malabarismos narrativos, o que depõe contra ele em meio a uma lista de outros roteiros muito mais polidos nesse sentido. Mas o que funciona nele é que todos os momentos se encaixam na constante escalada até o próximo grande discurso, que por sua vez traça o caminho para uma coleção de frases de efeito memoráveis. E a cada discurso, a cada frase de efeito, uma nova catarse é criada. A cena da placa do banheiro pode ter sido utilizada à exaustão nos trailers… mas é no discurso que a antecede que está o brilho dessa obra.

Vini: Em Moonlight: Sob a Luz do Luar, Berry Jenkins dá vida a "In Moonlight Black Boys Look Blue", de Tarell Alvin McCraney da melhor forma possível. O texto simples, não apela a estereótipos ou clichezões de gênero e classe social, principalmente quando referencia o meio onde o protagonista está inserido e o que ele busca. Falar da homosexualidade sem cair no lugar comum é difícil até para autores experientes e comprovadamente bons, então sair da zona de conforto já é um mérito. Mas o Oscar cai mesmo na mão de Jenkins quando à luz da lua se pode ver uma paixão nascer, sem que uma única palavra seja dita. E optar pelo silêncio é algo incomum em Hollywood.

Melhor Roteiro Original

Rudy: Por várias vezes tentei traçar paralelos entre O Lagosta e outras obras. Posso até ter conseguido achar algo parecido aqui e ali, mas garanto que não foi uma tarefa fácil. Se há um adjetivo para se colocar nesse filme é original (e bizarro também).

Vini: Você pode achar que o roteiro de Damien Chazelle (La La Land - Cantando Estações) é simples - e realmente é - mas possui qualidade de sobra. Singelo, minimalista, quase clichê, o roteiro demonstra a busca aos sonhos. Cada palavra proferida pelos protagonistas mostra que a simplicidade é o caminho até para alcançar grandes conquistas. Em uma única cena vimos a explosão do roteiro, onde os protagonistas discutem situações e sonhos em um duelo de pontos de vista, onde até mesmo a música deixa de existir para dar espaço ao diálogo. Os silêncios bem escolhidos para demonstrar a emoção e principalmente a escolha de sair do lugar comum, onde o roteiro deixa de ser romântico e se torna mais real.

Pines: O interessante de observar a carreira do Taylor Sheridan é que esse cara vai para cada novo trabalho com uma missão clara e sai dele com essa missão cumprida. Mais uma vez, em A Qualquer Custo ele entrega uma história que é bem simples em levar os seus personagens do ponto A ao ponto B, aproveitando-se disso para que cada um deles possa crescer internamente no processo. Quanto mais complexos os personagens se mostram, mais interessantes são as suas decisões. Mesmo que por fora continuam decisões simples.

Melhor Atriz Coadjuvante

Vini: Viola Davis (Um Limite Entre Nós) usa com esplendor o silêncio e a explosão, em uma atuação que, esperávamos, seria ótima, mas que a atriz consegue elevar à outro nível. Ela sabe dar emoções a seus personagens como ninguém.

Emília: Nesse filme, é como se a Viola dançasse tango com a gente: está submissa, singela, discreta até que entra aquele acorde forte e ela VRÁ na nossa cara, atuando como Viola faz. Diva!

Até o Último Homem

Até o Último Homem

Melhor Ator Coadjuvante

PJ: Eu assisti poucos filmes desse Oscar 2017 (assim como em 2016, 2015, 2014...), portanto esse como os meus outros palpites são mais de coração do que de comparação técnica. Mas assisti Moonlight: Sob a Luz do Luar, um longa que torço para ganhar como Melhor Filme tanto quanto A Chegada, apesar do meu favoritismo pessoal pela ficção científica. Não escondo de ninguém que acho Mahershala Ali  um ator excelente. Por exemplo, ele é de longe o melhor elemento da série do Luke Cage, e aqui em Moonlight ele destrói como a figura paterna do protagonista do filme.

Vini: Mahershala Ali é dono de uma atuação sutil, mas de carga emocional imensa. O personagem marca presença somente no primeiro ato do filme, mas a carga perdura até o final porque seus ensinamentos moldam a personalidade do protagonista. Ele está presente nos gestos, olhares e ações. Criar um personagem que transforma o protagonista em legado precisa de extremo cuidado. Mahershala, em sua última cena consegue entregar a culpa de seu próprio personagem sem dizer nenhuma palavra, mérito do ator que sabe utilizar da sutileza pra criar e cria bem.

Melhor Ator

Vini: Andrew Garfield entrega para Até o Último Homem um personagem difícil, de caráter ingênuo, mas que consegue ao mesmo tempo, ser enérgico na complexa decisão de entrar para o corpo do exército norte-americano e rejeitar o uso de armas por motivos religiosos, bem no meio da Segunda Guerra Mundial. Não é o melhor trabalho do rapaz que já brilhou mais em obras como "Não me abandone jamais" e "Silêncio", mas contrasta com os outros candidatos que não "rodam liso" nas atuações.

A instituição reconhecida que é Denzel, por exemplo, decepciona em Fences ao pesar a mão da própria direção e entregar uma interpretação exagerada. Casey Affleck, largamente elogiado pela apatia com que dá vida a seu personagem de Manchester by The Sea, interpreta a si mesmo - o ator é reconhecido por papéis apagados e sem emoção. O ótimo Viggo Mortensen carrega o demérito de um personagem muito bem escrito, com uma atuação não mais que ok. Já Ryan Gosling, apesar de querido, nem deveria estar na lista de indicados. Quando colocado, então, frente aos concorrentes, Garfield notoriamente não exagera nas feições, não está encenando a si mesmo e não foi indicado apenas pela alta popularidade do filme dirigido por Mel Gibson. Ele é capaz de entregar um personagem honesto e simples, mas que sai na frente ao ser muito bem executado.

Jackie

Jackie

Melhor Atriz

Emilia: Meryl Streep, como sempre, em uma atuação inacreditável que nos arranca gargalhadas e lágrimas ao interpretar Florence, a pior cantora de ópera do mundo ou, como ficou conhecida em Nova Iorque: a “Diva do Grito”.

Vini: Dar vida a um personagem é, obviamente, um trabalho difícil e cuidadoso, especialmente quando se trata de uma personalidade histórica. Natalie Portman mostra um personagem visceral, trabalha sua modulação de voz, gestos e até o modo de andar com excelência na atuação de uma veterana. Construir um personagem cinebiográfico como o de Jackeline Kennedy é extremamente complicado, não apenas porque o trânsito entre o realismo e a caricatura é muito sutil, o que obriga o ator a se segurar para não entregar uma galhofa, mas também porque no caso de "Jackie" o grau de obstáculos aumenta quando Portman precisa trabalhar com uma câmera de ângulos e closes agressivos, além de ocupar um lugar central no enquadramento, durante boa parte do filme. É preciso considerar o peso de dar vida a uma das mais famosas primeiras damas do mundo, em meio ao caos de sua recente viuvez, onde dor e luto se misturam em momentos distintos de compostura e explosão. Jackie é a típica obra que brilha nos detalhes e Portman aproveita para entregar uma atuação bastante técnica, mas que enche os olhos.

Rudy: A protagonista em Elle é uma personagem com uma complexidade intrigante e o trabalho de Isabelle Hurppert para compor tal personagem é igualmente complexo. Não é só pela voz que Hurppert se mostra; pequenos gestos e olhares constroem uma mulher imprevisível, poderosa e absurdamente verdadeira.

Lívia: Quem eu quero que ganhe? Isabelle Huppert. O papel que ela faz é chocante! Quem eu acho que vai ganhar? Emma Stone.

Melhor Diretor

Vini: Barry Jenkins (Moonlight: Sob a Luz do Luar) apresenta um filme de altíssima qualidade, com câmera sempre em movimento. Dirige os atores de forma impecável.

PJ: Assim como em Mad Max, A Chegada me faz ter o sentimento de cascata que faz com que torça para que ele ganhe todos os Oscar que está concorrendo: Melhor Diretor (Denis Villeneuve), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia, Melhor Mixagem de Som, Melhor Edição de Som, Melhor Design de Produção e Melhor Edição.

Lívia: Quem eu quero que ganhe? Mel Gibson - Até o Último Homem. Imagina como deve ser difícil dirigir um filme de GUERRA! Quem eu acho que vai ganhar? La La Land: Cantando Estações.

A Chegada

A Chegada

Melhor Filme

Lívia: A Chegada é uma aula de linguística com a Encantada! AMEI! Meu coração de jornalista gritou de felicidade! Até o Último Homem é um filme com o homi aranha, como seria ruim? Tem a mensagem que o mundo está precisando: olhar mais o outro. Estrelas Além do Tempo me deu aquela vergonha da humanidade racista e machista. Lion: Uma Jornada para Casa... apenas isso: Dev PITEL S2 em uma história sobre vida. Eu AMEI. Um Limite Entre Nós: longo, né? Tem que assistir de óculos. Filme ok com atuações brilhantes. La La Land: Cantando Estações: que casal sem sal! Casal com sal é Tom Hanks e Meg Ryan em Mensagem pra Você. A Qualquer Custo eu ainda não assisti e Manchester à Beira-Mar não assisti ainda porque tem coisa de trauma e eu fico bad, mas assistirei.

Quem eu quero que ganhe? Moonlight: Sob a Luz do Luar. Me mudou e me tocou. Eu ainda estou digerindo a força do discurso que esse filme faz sobre o amor, os caminhos da vida, traumas, drogas etc. Quem eu acho que vai ganhar? Moonlight.

PJ: Esse é o segundo ano consecutivo em que tenho um favorito a melhor filme que conquista meu coração não somente por ser um dos melhores filmes do ano como um dos melhores da vida. A Chegada é um ponto fora da curva na produção cinematográfica recente assim como Mad Max – Estrada da Fúria o foi em passado recente. O filme de Dennis Villeneuve é uma obra de arte sobre comunicação e como o ato de se comunicar é a principal característica do bicho homem. O elemento alienígena é apenas uma estratégia para mostrar como nós não conseguimos nos comunicar com nossos vizinhos.

Pines: Eu já expliquei o meu caso a favor de Estrelas Além do Tempo lá na categoria de Roteiro. Dá pra acrescentar que, se a Academia quer mesmo se autoafirmar como ferramenta de transformação… ao invés de premiar o filme que exalta essa teoria (estou olhando pra você La La Land) é melhor premiar logo aquele que faz isso na prática (já fizeram certo com Spotlight e podem repetir esse ano).

Emilia: Lion: Uma Jornada Para Casa. Numa comunidade pobre de um vilarejo no interior da Índia, Guddu e seu irmão pequeno Saroo saem para procurar alguma atividade que lhes renda para ajudar a alimentar sua mãe e irmã mais nova. Guddu deixa Saroo na estação de trem enquanto sai para um “bico” e pede que ele o espere ali. Saroo entra num trem para dormir e, acordado pelo sacolejar do vagão, tenta inutilmente escapar, viajando sem destino por três dias. Incapaz de explicar onde era sua casa e sem conseguir voltar, Saroo é adotado por uma família australiana, e toda sua história de Índia fica para trás. Mas um dia, adulto, após não se reconhecer indiano e não conseguir se reconectar com suas origens, ele busca resgatar sua história. Uma obra emocionante de uma história real (e ainda tão latente não só na realidade da Índia, mas no nosso país mesmo). Pode não ser o melhor filme em termos técnicos, mas, pra mim, é o mais lindo entre os indicados.

Vini: Sem a pretensão de ser grande, Moonlight: Sob a Luz do Luar brilha nas minúcias, utiliza detalhes para trazer a tona sua história. Moonlight não apela para recursos catárticos como cenas de sexo, por exemplo. O filme escolhe contar a simples trajetória de um homem em busca da própria identidade. O contraste da trilha quase 100% erudita com o personagem - um estereótipo do americano pobre e marginal - é sublime e nos entrega um ponto de vista diferente. Despe o espectador de preconceito ao aproximá-lo do personagem principal, fazendo com que todos torçam pelo final feliz do romance gay, onde um dos dois ainda protagoniza a vida de criminoso na ativa. Berry Jenkins consegue orquestrar tudo isso com uma fotografia fantástica que mistura cores e abusa da relação imagem e silêncio.

Ao contrário do que podemos achar, Moonlight não é um filme de nicho e sim uma obra construída para uma plateia universal.


Conheça os palpiteiros

Vini: Vinícius R. Hilario. Biomédico, entusiasta de cinema, música e artes plásticas. Vim ao mundo a passeio.

Pines: Gabriel Pinheiro é graduado em Comunicação Social. É redator de publicidades, escutador de podcasts e jogador de videogames.

Emilia: Emilia Braga é bióloga, doutora em Ecologia, e de cinema só entende de assistir mesmo.

Rudy: Roberto Rudiney é acumulador de projetos inacabados e consumidor de filmes estranhos.

PJ: Pedro PJ Brandão é graduado em Publicidade e Propaganda e mestrando em Comunicação, tudo na UFC. Fundador do Avantecast e host do HQ Sem Roteiro Podcast, sempre que chamam tá opinando e sugerindo coisas no Iradex.

Thayná: Thayná Lomba ainda faz cursinho. Cuida do twitter e do instagram do Iradex, apaixonada por livros e por podcast

Lívia: Lívia Lopes é jornalista e trabalha com Marketing, mas isso não quer dizer nada. Ama viajar, ver séries e curtir fotos no Instagram.