Metade dos amigos não entende, a outra metade nem faz força. Eu compro os livros que baixo para ler. Só pra ter e para limpar a minha consciência.
Isso começou em 2011 quando comprei meu primeiro iPad. Comecei a ler livros usando o aparelho da Apple e voltei a ler bastante. Não fazia isso desde a faculdade de História, quando eu tinha por obrigação consumir muita literatura.
Com o tempo, passei a acumular muitos arquivos de PDF e ePub. Uma prateleira virtual grande. Prateleira essa cerca de oitenta por cento lida. Entretanto, a consciência começou a pesar, pois eu estava sendo um verdadeiro pirata!
Dentre um dos vários objetivos de vida que tenho é a de escrever e publicar um livro. Ora, como um bom autor que precisa viver também, com certeza irei querer que meus livros sejam comprados, afinal só ler meu livro não pagará nem as contas da luz que utilizei para escrevê-lo. Não é justo uma pessoa que pensa assim ir lá baixar o livro e rir na cara do dinheiro do autor. Tomei uma atitude: aos poucos fui comprando cada um dos livros impressos outrora adquiridos virtualmente de forma ilegal para ler em meu iPad.
O mais engraçado é que eu compro os livros, nem os leio, e já guardo na estante ou pela casa. É só o desencargo de pagar pelo que quero ler em uma plataforma mais acessível, portátil e leve: o iPad. "PH, compre a versão digital", muitos poderão dizer. É difícil comprar essas versões. Algumas custam o mesmo que o livro impresso, muitos livros nem existem para ser vendidos nos aplicativos da editora e nenhum carrega consigo um dos maiores luxos de se ter uma edição impressa: decoração. Falem o que falar, mas ter uma estante lotada de títulos chama atenção e gera comentários daqueles que visitam sua casa. Menti?
O mesmo, porém, não consegui fazer para com os quadrinhos. Muitos estão fora de catálogo ou são vendidos por preços exorbitantes. Nesse sentido, os envolvidos com a mídia terão que aguardar eu ganhar mais dinheiro - quem sabe escrevendo livros. Se for comprar todos os quadrinhos que já li no iPad, podem ter certeza, eu já teria vendido o iPad para pagá-los. Nesse caso, faz mais sentido que eu tenha um serviço tal como o Netflix, só que no lugar de filmes, seriam as gloriosas HQ's.
Felizmente não preciso mais me preocupar com os filmes, séries e música. Eles mesmos resolveram meus problemas com minha consciência. Graças a serviços como Netflix, Crackle, a própria TV fechada, Oi Rdio, dentre outros. São parcelas pequenas que atendem quase plenamente a minha necessidade de consumo de cultura pop. De resto, vou ao cinema ou vejo quando dá.
"PH, você é rico! Você gasta muito dinheiro com essas coisas". Ué, se eu quero brincar, tenho que descer para o play, correto? Gasto o proporcional ao tanto que eu consumo. Nada mais do que justo. Você já chegou para seu chefe que desfruta dos seus fainas diários e disse: “Chefe, pode deixar, o Sr. ganha o dinheiro, mas eu faço de graça”. Todo trabalho deve ser recompensado. Se você estivesse do outro lado, como pensaria sobre isso?
Essa semana, orgulhosamente comprei mais seis livros para minhas estante real. A maioria já cem por cento lidos no iPad. São eles: Dragões de Éter (o primeiro e o segundo) do ótimo Raphael Draccon (o segundo ainda precisa ser lido); A Dança dos Dragões, quinto livro das Crônicas de Gelo e Fogo, que li em Português de Portugal no iPad mesmo; Dia D, Soldados Cidadãos e Band of Brothers de Stephen Ambrose, dentre os quais só não li Dia D ainda.
Ta aí a dica. Se quiserem seguir, vão ver como é bom retirar o peso da consciência consumista.