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O ano em que David Bowie morreu ficou marcado como o ano em que mais estrelas se apagaram. Leonard Cohen, Umberto Eco, Prince, Muhammad Ali, George Michael, Alan Rickman, Johan Cruyff, Abbas Kiarostami, Fidel Castro e Carrie Fisher estão no rol de vítimas célebres de 2016.
Por trás de um ano permeado por luto e melancolia, está a convergência de dois fenômenos:
1) a chegada da geração do “Baby Boom” - responsável pelas décadas de explosão cultural dos anos 60 e 70 – à fase sexagenária e septuagenária, época em que se é mais vulnerável ao óbito nos dias de hoje;
2) a expansão das redes sociais ter facilitado o acesso a obra e a fama de cada vez mais pessoas.
Por conta desses dois fatores, a geração do Rock and Roll, da Contracultura, da Nova Hollywood e do Tri do Brasil está cada vez mais velha e, contraditoriamente, cada vez mais famosa.
É simbólico que David Bowie tenha sido a primeira morte célebre de tal ano.
Nascido David Robert Jones, em 8 de janeiro de 1947, Bowie talvez seja quem melhor soube combinar o talento de sua geração com a cultura da fama tão característica dos tempos de redes sociais.
Parte disso, claro, vinha de suas famosas transições entre os mais diversos estilos. Ziggy Stardust, Aladdin Sane e Thin White Duke foram algumas das alcunhas que lhe renderam o apelido de “Camaleão do Rock”.
Tais mudanças, para além dos efeitos de marketing, traduziram em imagem o interesse de Bowie pelas mais diferentes sonoridades, característica essa que tornou sua obra sempre inovadora, autêntica e desafiadora.
Com a maior parte dos músicos, o conhecimento da respectiva discografia é acompanhado do sentimento de conforto ao se perceber em terreno conhecido, com Bowie cada novo disco é um convite a uma nova fase sua, ao desconhecido e ao estranho.
Porque a obra de Bowie é sempre um convite a mudança. Ninguém tornou o estranho tão presente e tão cool como ele.
Não é a toa que sua energia criativa inovadora esteve presente até seus últimos dias.
Enquanto a maior parte dos artistas consagrados se contenta em requentar as mesmas músicas por décadas, Bowie lançou um de seus melhores trabalhos dias antes de morrer.
Talvez o legado de Bowie seja uma lição um tanto quanto ignorada no fatídico ano de sua morte.
Diante de uma época em que nossas estrelas parecem estar cada vez mais perto da morte, nossa reação poderia ser menos de luto eterno e mais de celebração por se viver em um tempo em que a obra de todas elas esteja mais acessível do que nunca: “Turn and face the strange; changes.”
Bowie já foi citado inúmeras vezes no Iradex, mas nada mais justo que linkar um dos nossos episódios favoritos, totalmente dedicado a sua vida e obra: Iradex Podcast 90: David Bowie é o artista mais influente do Século XX?
Estante Iradex
A Estante Iradex é o nosso local de reverência às grandes personalidades que tem o "jeitinho Iradex".
Esta coluna foi escrita por Lucas Aquino, ilustrada por Caique Pituba com vídeo de Gabriel Freire.
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