Pra retribuir as indicações que me fizeram hoje no bando de ruma, vou indicar uma das bandas que mais tenho escutado ao longo dos anos.
É a The Alan Parsons Project, formada pela dupla Alan Parsons e Eric Woolfson e que ficou ativa de 1975 a 1990 (apesar de o Alan ter continuado carreira solo depois disso).
Pra vocês terem uma ideia da qualidade do som dos caras, antes de formar a banda, o Alan foi engenheiro de som nos albuns Abbey Road e Let it Be, dos Beatles, e do Dark Side of the Moon, do Pink Floyd. Só!
Já Woolfson é responsável pela maioria das letras (e que letras!) indo de discos dedicados/baseados em obras literárias até baladas de amor de partir o s2.
Como o estilo deles varia bastante de um disco pra outro, destaco alguns dos discos pra vocês que se interessaram saber por onde começar:
Tales of Mystery and Imagination (1976)
Primeiro disco da banda e é isso mesmo que vocês tão pensando: tem a ver com Poe!
Antes de formar a banda, Eric Woolfson tinha rascunhado algumas músicas inspiradas no Contos de Imaginação e Mistério, um compilado de histórias macabras escritas por Edgar Allan Poe. Depois que se conheceram, Parsons e Woolfson decidiram aprimorar a ideia e voilá, uma obra de arte nasceu!
As músicas são todas inspiradas em contos que compõe a obra, algumas num estilo quase de ópera, com citações intercaladas com a melodia.
O sucesso do disco foi considerável, e possibilitou que eles passassem pro projeto que iria solidificar de vez a carreira da banda. E, olha só, mais uma vez o tema seria um livro. E que livro!
I Robot (1977)
Pouco depois do sucesso de Tales of Mystery and Imagination, veio a ideia de fazer mais um álbum conceitual baseado em literatura, dessa vez saindo do horror para a ficção científica! E nada mais justo do que escolher um dos "pais" do estilo para ser homenageado.
O autor escolhido pela dupla Parsons/Woolfson foi ninguém menos que Isaac Asimov, que ficou super empolgado com a ideia, principalmente depois de escutar o trabalho que eles já haviam feito com a obra de Poe. Infelizmente, como os direitos da chamada Trilogia dos Robôs, composta na época por Eu, Robô, As Cavernas de Aço e O Sol Desvelado (os dois outros livros que completam a série, Os Robôs da Alvorada e Os Robôs e o Império só seriam publicados em 1983 e 1985, respectivamente) já haviam sido vendidos para a TV e para o cinema, o projeto não saiu exatamente como imaginado.
As músicas, que antes teriam referências diretas aos contos e episódios da Série dos Robôs, foram modificadas para temas mais abrangentes sobre inteligência artificial. Eles tiveram que, inclusive, modificar o nome do disco, tirando a vírgula e ficando só I Robot (Eu Robô).
Mas isso não muda o fato de que é um disco excelente, bem no estilo psicodélico e inclusive com algumas pegadas que influenciaram a música eletrônica da década seguinte.
The Turn of a Friendly Card (1980)
Depois de se firmarem com o disco I Robot, a dupla Parsons/Woolfson fez mais dois excelentes álbuns conceituais: um sobre as pirâmides de Gizé e o ocultismo (Pyramid - 1978), e outro sobre o importante papel da mulher e as dificuldades que elas enfrentam no mundo moderno (Eve - 1979). No entanto, seria só em 1980 que sua obra-prima seria lançada (na humilde opinião desde que vos escreve).
Diferente dos anteriores, o Friendly Card não tem um tema definido, mas pode-se dizer que ele fala sobre a vida como um todo. Descobertas, desilusões, alegrias e tristezas permeiam as letras das 16 músicas que compõem o disco que, se não foi o que mais ouvi na vida junto de The Wall, está bem perto de ser.
Destaque para a música "Time", a primeira em que Woolfson cantou na banda, e também uma das poucas onde se ouve a voz de Parson como backvocal; a instrumental "The Gold Bug", que começa com Parson assoviando e faz te sentir num Western Spaghetti, passando depois pra um sax que te leva de volta pros anos 1980; e, claro, para a minha preferida (e uma das músicas mais lindas já compostas) "Nothing Left to Lose".
Eye in the Sky (1982)
Mas foi dois anos depois que realmente a banda entrou pros anais da história da música. Eye in the Sky é até hoje o disco mais conhecido do grupo, e um dos mais tocados em rádios americanas. Não é pra menos.
O disco começa com a música "Sirius" (em homenagem à estrela mais brilhante do céu noturno), que ficou imortalizada por ser utilizada pelo time de basquete Chicago Bulls nas suas entradas em quadra durante a época de ouro do trio Jordan-Pippen-Rodman (atualmente o time entra em quadra com uma versão modificada da música). Seguindo à ela vem a canção que dá nome ao disco, "Eye in the Sky", uma belíssima balada sobre o fim de uma relacionamento.
Esse é, sem dúvida, o disco mais fácil de ser digerido da banda, alternando uma série de músicas que poderíamos classificar até como "dançantes", com algumas ótimas instrumentais, como "Mammagamma".
E pra você que ficou curioso e tá com preguiça, fiz essa playlist no Spotify com as 15 músicas que considero as melhores, algumas inclusive citadas aqui.
Enjoy! =D