Uma Profecia. Um Herói. Um Inimigo. Uma Missão.
Esse é o enredo básico de uma aventura fantástica, seja na literatura, seja no cinema, seja numa mesa de RPG. Como diria um amigo meu, o que muda são os nomes: do rio perto de onde você nasceu; dos seus pais; e do orc que os matou.
Mas não é só o enredo fantástico que é carimbado. A não ser que o diretor do filme resolva mudar o fim do livro adaptado ou você tenha feito raiva ao Mestre, o desfecho dessas histórias geralmente segue um roteiro também:
A Profecia se cumpre, o Herói vence o Inimigo e cumpre a Missão.
Mas e se...? E se a Profecia estivesse errada? E se Herói não fosse tão bonzinho assim? E se a causa do Inimigo fosse justa? E se a Missão fracassasse?
Nunca parou pra pensar nisso? Nunca desejou ver/ler/jogar uma aventura como essa? Se a resposta for sim, eu tenho uma dica infalível pra lhe dar. Basta escolher qualquer uma das alternativas acima (ou todas), correr para a livraria mais próxima e obter por meios lícitos (muito importante!) o livro O Império Final, primeiro da série Mistborn.
Livro, autor e enredo
Apesar já ter quatro livros publicados em inglês (com mais dois prometidos para os anos seguintes), a série Mistborn chega ao Brasil praticamente desconhecida. Mas nada que não possa ser rapidamente remediado, pois o potencial dessa obra é enorme, por vários motivos.
A começar por seu autor, Brandon Sanderson, que tem tudo para ser um dos grandes nomes da literatura fantástica de nosso tempo. Dele você já ouviu falar aqui. Não lembra? Então a gente refresca sua memória. Ele escreveu o livro Elantris, que também traz um enredo bem diferente do feijão com arroz da jornada do herói. Além disso, ele teve no seu curriculum a simples tarefa (aviso de sarcasmo) de terminar o último livro da série Roda do Tempo após o falecimento do mestre Robert Jordan.
Do enredo a gente já deu algumas pistas, mas vamos dar mais um gostinho do que você vai encontrar.
Após ter salvado o mundo das terríveis Profundezas, o Senhor Soberano governa o Império Final com punhos de ferro. Literalmente. Utilizando seu Ministério, através dos Obrigadores e Inquisidores, ele mantém seus súditos em rédeas bem curtas. O trabalho é todo feito pelos skaa, plebeus que são mantidos nas plantações e cidades em regime de semi-escravidão. Já os nobres vivem bem melhor em seus salões, onde dão bailes e tecem suas intrigas. Devido ao fato de seus antepassados terem ajudado o Senhor Soberano a chegar ao poder, há outra dádiva que é concedida aos nobres além da liberdade e da propriedade. É a alomancia. E é aqui que o negócio começa a ficar bom!
Como diria Dexter, vamos por partes.
Alomancia é habilidade de obter poderes especiais através dos metais. O alomântico (como é chamado o usuário dessa técnica) tem a possibilidade de, após a ingestão de um determinado metal, queimá-lo e obter um atributo especial. Cada um dos 10 metais utilizados na alomancia (8 básicos e 2 especiais) tem um efeito correspondente após a sua queima interna. Os efeitos são bem variados, indo de atributos físicos até poderes psíquicos de controle da mente.
Todos os alomânticos tem sangue nobre (mestiços também se incluem aí pelas escapulidas dos pais) e são divididos em dois grupos: os Brumosos e os Nascidos das Brumas. Os Brumosos são aqueles que conseguem queimar apenas um tipo específico de metal, ou seja, eles têm um tipo específico de habilidade. Já os Nascidos das Brumas são mais raros e poderosos, pois podem queimar todos os 10 metais, combinando todas as habilidades alomânticas.
Apesar de a ideia não ser das mais originais (convenhamos, tirar poderes de objetos é meio batido né?) a sua dinâmica de execução é sensacional. As regras são bem simples e não fogem da física tradicional do nosso cotidiano: toda ação tem sua reação. Por mais vantajoso que seja ter um poder especial, ele tem limitações e desvantagens bem claras, mas que a maioria das aventuras fantásticas ignora completamente. Tudo que sobe, desce. Sentidos mais apurados, mais desconforto. Mais força temporária, mais danos permanentes.
De posse dessas regras você é convidado a participar da história, acompanhando Kelsier, um chefe de gangue que pretende reunir um grupo de Brumosos para um trabalho especial; e Vin, uma jovem ladra cuja única vontade é ser invisível para o mundo. Ao mesmo tempo, no começo de cada capítulo acompanhamos trechos de outra aventura que traz informações importantíssimas sobre como o mundo se converteu no Império Final.
Então, novamente minha dica é: não perca tempo e adicione logo o Império Final ao seu mapa de fantasia (ali do ladinho de Westeros, entre os Quatro Cantos e a Terra de Ooo). Isso tudo que a gente falou aqui não é nem a ponta do iceberg.