A Editora LeYa traz para o Brasil o livro Elantris, escrito por Brandon Sanderson. A publicação consegue cativar ao apresentar personagens bem motivados e ao fugir da normalidade do gênero fantasia.
Sinopse Oficial
Elantris era conhecida como a cidade dos deuses. Nela, uma benção chamada Shaod transformava as pessoas em semideuses. Porém, há dez anos, as coisas começaram a mudar e a magia transformou Elantris em uma cidade amaldiçoada, onde as pessoas tocadas pela Shaod se transfiguravam em seres sem vida e sem sentidos próprios. A maldição os tornava mortos-vivos e a cidade tornou-se um cemitério de zumbis.
Minhas Impressões
Elantris tem dois pontos fortíssimos: premissa e personagens. Vocês leram a sinopse aí? Tipo, tem cidade um tanto quanto medievalista e mortos-vivos. Mortos-vivos! Ideia, no mínimo, interessante. Felizmente, não é só a ideia, pois o desenrolar da história se mostra tão bom quanto. Apesar do ritmo inicial não fazer jus à essa sinopse, vamos nos envolvendo na trama ao passo que conhecemos mais sobre a cidade Elantris, os personagens Raoden, Sarene, Hrathen e o que raios é a maldição apresentada no prólogo.
O livro carrega o nome da cidade onde se passa a maior parte da história como título, mas esse cenário não é tão intrigante quanto seus três personagens principais, sobretudo Raoden e Sarene. Ambos buscam, de maneiras bem diferentes, descobrir como vencer uma terrível maldição. O primeiro, Raoden, quer se livrar de sua condição nada agradável. Sarene, por sua vez, tenta entender o que aconteceu em sua vida e procura um meio de ter seu futuro-possível-marido (?) de volta. No meio das duas jornadas, inicialmente em uma missão nada relacionada com a desses dois, somos apresentados ao antagonista Hrathen, adversário de Sarene e detentor de carisma controverso.
Interessante como cada um tem uma jornada extremamente aceitável, apesar de fora do comum. Os núcleos vão mudando e o leitor vai, aos poucos, escolhendo seu lado. Se você não comprar a ideia de um dos três personagens, vai ficar difícil seguir o ritmo da narrativa do livro.
Essa é a primeira história de Brandon Sanderson que leio. Gostei como o autor abordou Sarene. Tenho predileção por escritores que tiram o personagem feminino da regularidade. Sarene é a personagem mais completa e intensa dentre os três principais. Ela ganha ainda mais notoriedade na trama quando frente a frente com Hrathen. É até claro que o alto-sacerdote da religião Shu-Dereth vê em Sarene uma adversária política perfeitamente à sua altura. Os embates dos dois são, por muitas vezes, os pontos altos da trama.
Ao invés de encontrar em Elantris uma fantasia mais do mesmo - grupo de aventureiros em busca de finalizar sua missão - vi uma história fortemente baseada em diálogos e política. O livro é uma fuga da normalidade nesse assunto. Imagine extrair a parte política das Crônicas de Gelo e Fogo (ou Guerra dos Tronos, como queiram) e concentrá-la em um universo menor. Elantris é mais ou menos por aí. Política, fantasia e fortes personagens. Uma boa pedida para continuar no gênero de fantasia, mas sair um pouco pela tangente. Só um pouco.