Ouvi recentemente um podcast que... opa, do que é que eu estava falando?
Ah, bichinhos fofinhos! Não tem nada mais fofo no mundo que um animalzinho peludinho, com os dentes bem afiados e as garras... caramba, me perdi novamente.
Vou ter que ir ali escutar o áudio que gravei para tentar me lembrar. Quer ouvir também?
Download e feed: DOWNLOAD MP3 // FEED RSS // iTUNES
Texto, locução e edição por Mackenzie Melo. Edição complementar por Roberto Rudiney. Participação Especial como Wolverine: Nilton Roger.
Lembranças (versão em texto)
Impressionante. Eu não sigo nem a minha própria sequência. Eu já tinha alguns textos prontos que devem sair nas próximas semanas, mas não aguentei e tive que passar um na frente dos outros. Se nem os meus próprios pedidos e organização eu sigo, fico sem saber quando aquele primeiro texto sai...
Sou leitor de quadrinhos desde muito cedo. Sempre que penso em minha infância, lembro de ter quadrinhos nas mãos (ou alguma história relacionada a eles). Sair para comprar na banca perto de casa e ser assaltado ou de descobrir que, por ter pouco dinheiro, claro, era melhor procurá-los em sebos para poder comprar mais quantidade, ou de trocar quadrinhos com amigos de escola, ou desenhar rabiscos de super-heróis (em especial o Homem de Ferro, que achava legal demais), e assim vai.
Dois dos quadrinhos que mais me vêm à memória quando paro para pensar nessa minha época de criança contêm duas histórias dos X-Men. Uma é “Só dói quando ri” – tive que parar e ir pesquisar pois esse título não faz sentido e então encontrei que o título é parecido, mas diferente: “Só dói quando ele ri” – e a outra não consigo lembrar o nome, mas lembro que eles se perdiam em uma floresta (pesquisando, descobri qual era: A Origem dos novos X-Men e O Mistério de Krakoa).
Sei que vocês já perceberam que minha memória não é das mais confiáveis, mas estudos demonstram que todos nós lembramos dos acontecimentos de maneira diversa do que realmente aconteceram. Do que é que eu estava falando mesmo? Ah sim.
Para quem acompanha os X-Men desde muito tempo, sabe o quanto eles são fortes como grupo e não apenas como indivíduos separados com superpoderes. Afinal de contas, a união faz a força (e açúcar duplamente filtrado também ). Sabemos, entretanto, que dentre todos os que já fizeram ou fazem parte deles, o que mais se destacou individualmente desde que foi introduzido é Wolverine. Podemos contabilizar isso não apenas pelo número de histórias avulsas e revistas próprias dele em comparação com as dos outros integrantes do grupo, mas também por ele ter filme próprio, por exemplo. Agora, a essa lista, podemos adicionar que Wolverine também tem um podcast de áudio-drama com seu nome: Wolverine, The Long Night, lançado pela plataforma Stitcher Premium. Na verdade, até onde eu pude saber, é o primeiro podcast de ficção que gira em torno de um personagem da Marvel, seja ele parte ou não dos X-Men.
Recentemente, enquanto a série de TV Agente Carter esteve no ar (2016/2016), houve a hipótese de que o programa de rádio do Capitão América que aparecia na série seria transformado em um podcast com episódios pequenos, de aproximadamente 15 minutos cada, mas a ideia nunca saiu das gargantas mentais dos idealizadores.
Eu disse que Wolverine é o primeiro podcast da Marvel e isso continua sendo verdade, mas buscando por mais produções sonoras da empresa , acabei me deparando com outros áudio-dramas produzidos por ela, mas que não são tão fáceis de achar (ou não eram, antes da internet). Isso porque muitos deles nunca nem foram publicados em mídias físicas, como é o caso de uma série para o rádio do Doutor Estranho , realizada entre 1967 e 1970 (se você procurar direitinho dá para encontrar alguns episódios no YouTube).
Existem ainda outras produções, em áudio, da Marvel como As Aventuras do Quarteto Fantástico de 1975 (Bill Murray é a voz por trás do Tocha Humana) e uma mais recente de 1995 que a BBC produziu sobre o Homem-Aranha (tem até música de Brian May ). Entretanto, como frisei anteriormente, nenhuma delas é recente o suficiente para ser chamada de primeiro podcast.
Já ia me esquecendo novamente sobre o que eu devia estar falando. Eu e minhas vinhetas de pensamento. Acabo por perder a trilha principal. Voltemos.
Comecei a ouvir o podcast Wolverine: The Long Night e mesmo antes de terminar a série – que tem 10 episódios e é bem fechadinha em si mesma – já comecei a escrever sobre ela para o Primeiros Segundos. Agora que estou terminando de escrever esse episódio, terminei de ouvir a série e notei, revisitando o começo do meu texto, que falei sobre memória. Quando falei sobre não lembrar bem das coisas estava realmente falando sobre mim. Entretanto, creio ser esse tema tão recorrente em nossas vidas que dentre inúmeros outros aspectos relevantes da história contada no podcast, a memória – seja sua perda ou a vontade de perdê-la, escondê-la e criar novas – é um dos mais importantes.
Logan demora a aparecer na história. Ele só dá as caras – ou a voz, incrivelmente interpretada por Richard Armitage (Thorin de O Hobbit) – no final do primeiro episódio, dentro de uma descrição assustadora de um pescador. E a frase, típica de Wolverine, não poderia ser melhor: “Eu deveria era ter cortado a cabeça dele...”
O podcast é uma produção esmerada – como deveria ser, já que estamos falando de propriedade intelectual de valor inestimável para a dona dos direitos dos personagens. Com uma ambientação impecável, interpretações excelentes e efeitos sonoros extremamente bem colocados, os episódios nos fazem parecer estar bem no meio do que está sendo contado, ao lado de cada uma das pessoas, seja em cabanas, ao ar livre, no frio do inverno do Alaska, em cavernas, no hospital ou mesmo ouvindo rádio.
Entretanto, se você for querendo ouvir uma aventura pela aventura com brigas, socos, e coisas sem sentido só para desligar a mente, desista antes de começar. A série parece mais um estudo de personagem, em terreno árido – quase como um faroeste – onde não sabemos quem é o mocinho ou quem é o bandido. Nem Wolverine escapa dessa impressão.
Ao longo dos episódios, que se desenrolam em torno de diversos mistérios – o maior deles, quem está por trás da morte de diversos homens em um barco de pesca e de duas garotas que parecem ter sido mortas por um urso – vamos acompanhando dois investigadores do FBI em busca de respostas no terrenos selvagem do Alaska, a última fronteira, para onde todos parecem ter ido para fugir de algo do seu passado, para esquecer momentos incômodos, para descobrir quem realmente são.
Das características humanas, uma das que mais define quem somos é a nossa memória, nossas memórias.
Nossas escolhas também nos definem. São elas que constroem nossas memórias.
P.S.: poderia dizer aqui que não lembro qual foi o pedido da Ripa para o primeiro texto, mas essa não seria uma escolha acertada, pois eu lembro. Em segunda análise, poderia dizer que sou eu que tenho escolhido não o escrever. Só que isso também não seria verdade, já que o próprio texto parece ter vida própria e só é escrito quando assim deseja. Quem sabe uma hora dessas ele se lembra e escolhe ser escrito.
Contribua com o Padrim do Iradex
Assine o feed do Iradex Podcast
Rede Iradex
- Sete Reinos - assine o feed do podcast sobre Game of Thrones e a obra do George R. R. Martin (Feed RSS)
- HQ Sem Roteiro - assine o feed do podcast sobre a arte de produzir quadrinhos (Feed RSS)
- Pilotando - assine o feed do podcast sobre o primeiro episódio de séries (Feed RSS)
Contatos
- Facebook: /iradex
- Twitter: /iradex
- Instagram: /iradexnet
- E-mail: podcast@iradex.net
- Canal do Telegram: @iradexnet
- Grupo do Iradex no Facebook: bando de ruma
- Grupo do Iradex no Telegram: bando de ruma