Me Chame Pelo Seu Nome | Resenha | Iradex

Me Chame Pelo Seu Nome | Resenha

Eu gostaria que você fechasse os olhos, só por alguns segundos, e pensasse em um momento da sua vida em que você esteve apaixonado(a). Lembra como se sentiu? A incerteza de ser correspondido, o falso descaso para não se entregar de vez, a angústia de imaginar essa pessoa com outro alguém ou de não saber onde ela se encontra, a ansiedade que te fazia contar as horas (literalmente) para encontrá-la, o êxtase de finalmente estar com esse alguém, as conversas bobas em que vocês acabam confessando desde quando o interesse começou, o sorriso que vinha do nada e, em alguns casos, a dor (física) da saudade. Você já viveu algo assim? Se viveu, posso quase garantir que todos esses sentimentos virão à tona ao assistir Me Chame Pelo Seu Nome.

Ambientado na Itália dos anos 80, a história retrata a descoberta do amor e da sexualidade do jovem Elio, um rapaz de 17 anos que se apaixona por Oliver, um estudante americano que fica hospedado na casa de sua família durante o verão para ser orientado pelo pai de Elio.

Devo dizer que adoraria passar o verão com aquela família, que divide seu tempo entre leituras, estudos, deliciosos jantares no jardim, vinhos e músicas na sala, casa cheia, banhos de rio e agradáveis companhias. Todo o ambiente ao redor é um convite às diversas formas de prazer: lindas paisagens, conversas sobre livros, músicas, filosofia, dança, passeios, comida, ou seja, tudo que remete à Itália.

Nesse cenário, vemos acontecer a lenta aproximação entre os protagonistas, que vão se encantando um pelo outro por diversos motivos, entre eles a inteligência e a bagagem cultural de ambos (o que os torna ainda mais interessantes). Apesar de toda a sensualidade exposta no filme, ele foca no romance, demonstrando sutilmente a diferença entre o sexo por necessidade e o sexo com amor, retratado de uma forma muito bonita e agradável, algo recente em filmes que retratam relações homossexuais. Aliás, está chegando o dia em que não se falará em romance gay, será apenas romance.

Mesmo sendo lento, cada passagem é bem aproveitada e o filme possui um final brilhante. Coloco em destaque a atuação de Timothée Chalamet e a conversa que seu personagem tem com seu pai sobre o amor, paixão e o prazo de validade que envolve todos esses sentimentos e nossa capacidade de vivê-los. As palavras do pai são a mensagem que o filme deixa: é preciso se permitir ter experiências e sim, ainda vale a pena se apaixonar.