Presença constante no Iradex, o diretor irlandês John Carney ganha seu espaço na nossa estante. Mas como começou essa história de um dos diretores que mais entende sobre a mistura entre música e cinema?
Já nos seus primeiros curtas, John dava indícios de seu talento cinematográfico. Em 1996, estreia num circuito limitadíssimo November Afternoon, primeiro longa-metragem do diretor. Com trilha sonora em jazz composta por Carney, o longa narra o fim de dois relacionamentos no decorrer de um final de semana, tendo sido eleito pelo Irish Times como o filme irlandês do ano. Ainda sem muito alarde, vieram os filmes Just in Time (para a televisão), Park e On the Edge, este último estrelado por Cillian Murphy e premiado no Dinard Festival of British Cinema.
Entre 2001 e 2003, John se dedicou a um bem-sucedido projeto na televisão. Com 10 episódios e um especial de natal, Bachelors Walk é considerada uma das séries mais bem-sucedidas da TV irlandesa. De volta ao cinema em 2003, ele escreveu e dirigiu Zonad, curta-metragem que daria origem a um longa que ele só conseguiria lançar seis anos depois.
Mas se os dez primeiros anos de carreira do irlandês já indicavam que John Carney era um diretor diferenciado, o melhor ainda estava por vir. Em 2006 nascia Apenas Uma Vez (Once). Com um custo baixo para os padrões hollywoodianos, apenas US$ 160.000,00, o longa arrecadou mais de US$ 7.000.000,00 nos seus primeiros três meses. Estrelado por Glen Hansard, que entre 1991 e 1993 havia sido o vocalista da banda The Frames, onde Carney tocava baixo, e ainda a musicista tcheca Markéta Inglová, o filme lançou sobre o diretor irlandês os holofotes do cinema mundial. "Apenas Uma Vez me deu inspiração para o restante do ano", disse o diretor Steven Spielberg após ver o filme. O longa, sobre a história de um músico de rua e uma imigrante, ganharia o Oscar na categoria “Melhor Canção Original”, por Falling Slowly, música que figura um dos momentos mais bonitos da relação entre cinema e música de todos os tempos.
Seis anos depois Carney lançaria a "continuação espiritual" de Apenas Uma Vez. Estrelado por Keira Knightley e Mark Ruffalo, Mesmo Se Nada Der Certo (Begin Again) traria novamente músicas de Glen Hansard, mas agora sob as vozes de Knightley e de Adam Levine, vocalista da banda Maroon 5, contando a história de um produtor musical fracassado que tenta voltar ao mainstream lançando uma nova cantora. A música Lost stars, além de figurar num momento inspiradíssimo de Carney no filme, seria ainda indicada ao Oscar de “Melhor Canção Original”. A experiência em Hollywood traria também aspectos negativos para o diretor europeu. Carney disparou uma declaração polêmica sobre a atuação de Keira Knightley no filme, tendo pedido desculpas no Twitter e dito ter sido um completo idiota. Well done.
Buscando voltar às raízes, Carney encerraria (?) sua "trilogia espiritual" em 2016 com Sing Street: Sonho e Música. Sem a ajuda de Hansard nas canções desta vez, Carney contou através da música a história de um garoto tentando impressionar uma garota com sua banda, no meio da década de 1980, num filme total good vibes levemente inspirado na sua vida.
Mas e agora, John? O que vem pela frente? Quais serão as próximas músicas a figurar na história do cinema mundial? Estamos aqui ansiosos pelas próximas experiências cinematográficas desse irlandês apaixonado pela música.
Estante Iradex
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Esta coluna foi escrita por Zé Wellington e ilustrada por Caique Pituba.
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