O Vilarejo | Iradex

O Vilarejo

Raphael Montes

Raphael Montes

Se você curte uma boa história de terror e realmente tem estômago pro gênero, acho que tenho uma boa dica pra te divertir numa noite de sábado. Terceiro livro publicado pelo escritor carioca Raphael Montes, O Vilarejo traz sete histórias macabras que provavelmente vão tirar seu sono por algum tempo.

Como o próprio nome do livro já entrega, o que conecta os personagens e as histórias narradas é o cenário onde se desenrolam estranhos acontecimentos: um pequeno e frio vilarejo na região que um dia foi a Ciméria, em algum ponto entre a Ucrânia e a Rússia.

Cada um dos capítulos, que podem muito bem ser considerados contos, leva o nome de um dos Sete Reis (ou Príncipes) do Inferno e o associa a um pecado capital.

Assim, temos: Belzebu (Gula), Leviathan (Inveja), Lucifer (Orgulho), Asmodeus (Luxúria), Belphegor (Preguiça), Mammon (Avareza) e Azazel ou Satan (Ira).

A ordem LLAMBBS

Segundo o próprio autor, os capítulos podem ser lidos em qualquer ordem. Semelhante ao que fiz com outros livros com a mesma proposta (e que moram no meu coração), como A voz do Fogo (Alan Moore) e o Jogo da Amarelinha (Julio Cortázar), li uma primeira vez na ordem em que os capítulos aparecem no livro e uma segunda construindo uma ordem que achei interessante e agora compartilho com vocês.

É bem simples, na verdade. Basta você pular o primeiro capítulo (Belzebu) e só lê-lo antes do último (Satan). A ordem então ficaria assim: Leviathan, Lucifer, Asmodeus, Belphegor, Mammon, Belzebu e Satan. Pra ficar bonitinho e formar uma palavra com as iniciais (LLAMBBS), troquei de lugar Mammon e Belphegor, mas você pode ler os capítulos do miolo na ordem que quiser. O importante mesmo é deixar o primeiro capítulo pro final, pois acredito que se aproveita mais o suspense.

O livro é bem curto, então dá pra ler tranquilamente numa noite (ou tarde, se você for que nem eu e não tem coragem de ver filme de terror com a luz apagada) e fazer suas próprias experiências.

Ilustrações

o-vilarejo-de-raphael-montes-ilustrac3a7c3a3o-marcelo-damm-1O livro tem também ilustrações sinistras de Marcelo Damm em cada capítulo. Aqui, quero dar mais uma dica pra quem for ler.

Não veja a ilustração até ter terminado o capítulo, pois algumas vezes ela entrega o que vem pela frente, e tira um pouco o impacto do acontecimento. Melhor ter um pouquinho de paciência e esperar pra se chocar com as imagens quando terminar de ler.

Fazendo o conjunto com as imagens, de vez em quando você vê algumas páginas machadas de sangue, aumentando ainda mais o clima de tensão que o livro passa.

Imersão

Além dos sete capítulos, e das ilustrações, o livro tem também um atrativo a mais de imersão, contido no prefácio e no posfácio. Neles, o autor conta como teve acesso ao manuscrito, que teria chegado às suas mãos depois de uma série de coincidências e investigações, no melhor estilo Umberto Eco (O nome da Rosa) ou J.J. Benitez (Operação Cavalo de Tróia). Nesse relato, inclusive, o autor se põe como mero tradutor dos diários de Elfrida Pimminstoffer, que teria vivido durante algum tempo no amaldiçoado vilarejo.

E aí, tem coragem de encarar?

PS.: Deixo aqui meus sinceros agradecimento ao casal Miza, que me emprestou o livro e, consequentemente, são os responsáveis por várias noites minhas em claro. Vai ter volta!