Clássico é clássico, e vice-versa #0 | Iradex

Clássico é clássico, e vice-versa #0

A maioria das pessoas que afirma que música clássica é chata, nunca parou pra realmente ouvir. Não tenho problema com quem escuta e não gosta, até porque gosto não se discute. Meu problema é quando se julga algo sem nem tentar ouvir e compreender.

Já ouvi muito que música clássica dá sono, ou que é triste. E isso não é mentira! Tem composições que são indicadas pra quem tem problemas pra dormir, e nada melhor que curtir uma fossa ao som de Chopin. Mas tem também aquelas que animam, que te fazem sentir apaixonado, ou que são boaa pra extravasar quando você está com raiva. Afinal de contas, música clássica é música. E música tem de todo tipo, pra todos os gostos.

Não existem pré-requisitos pra se apreciar Mozart, nem precisa passar por um ritual de iniciação pra escutar Beethoven. Muito menos usar monóculo pra dizer que gosta de Bach. Não é coisa do outro mundo. É apenas música. Se você tem algum sentimento dentro de si, então já tem todas as ferramentas necessárias pra apreciar.

Sempre tive vontade de desmistificar esse monstro que as pessoas fazem da música chamada erudita (inclusive, não concordo com essa denominação), principalmente pelos preconceitos que sofri ao longo da vida por dizer que gostava. Por isso, decidi fazer uma série de textos e compartilhar com vocês minha visão dessa forma de arte pela qual sou apaixonado.

Meu objetivo é, antes de mais nada, que a música seja ouvida. Por isso, vou colocar links das obras que estiver falando nos textos, pra que vocês possam acompanhar, se quiserem. Aqui vai se aplicar a regra básica dos vídeo games: aperte em tudo que brilhar!

Gostaria de deixar bem claro que não sou um especialista. O que pretendo colocar nos textos são, principalmente, observações puramente pessoais sobre como eu vejo o que escuto. Não pretendo entrar em debates de dizer que isso ou aquilo é melhor ou pior, mas, pura e simplesmente, tentar apresentar de uma forma diferente um mundo que é pouco conhecido pra maioria das pessoas.

Como sei que muitas dúvidas vão surgir ao longo do texto, e também pra não cansar quem por acaso já conheça um pouco do assunto, resolvi criar uma espécie de glossário dos termos que geram mais dúvidas quando se fala em música clássica. Pretendo sempre alimentar esse glossário à medida que as dúvidas forem surgindo.

Glossário

Adagio – Suave.

Allegro – Rápido e alegre.

Allegretto – Alegre, mas não tão rápido. Também chamado de Allegro ma non troppo.

Andamento – É a velocidade com que a música é tocada. É medido em BPM (batidas por minuto), indo do Larghissimo (19 BPM ou menos) até o Prestissimo (200 BPM ou mais). O andamento vem indicado no início do movimento.

Andante – Cadenciado, no ritmo do andar humano.

Concerto – Sua estrutura mudou com o tempo, mas sua forma mais comum é a de uma composição para pequena orquestra, geralmente com um instrumento solista (piano, violino, flauta, etc). Geralmente tem 3 movimentos.

Larghissimo – Extremamente lento.

Largo – Amplo, mas não tão lento.

Lento – Meio-termo entre o Largo e o Larghissimo.

Moderato – Nem rápido, nem lente. É exatamente a metade da escala de andamento (100BPM)

Movimento – São as várias partes de uma composição. Seu número varia de acordo com o tipo de obra e a vontade do compositor. Quartetos de corda, por exemplo, geralmente tem 3 movimentos, mas Beethoven tem um quarteto com 7 movimentos, mais até do que uma sinfonia, que geralmente tem 4 movimentos.

Noturno – Composição mais lenta, inspirada na noite, geralmente para piano solo (mas havendo alguns com acompanhamento de orquestra) e com apenas um movimento. Chopin foi seu grande expoente, mas não foi o único a se utilizar da estrutura.

Opus – Obra, em latim (abreviado op.). É a forma de se classificar as composições em ordem cronológica.

Presto – Extremamente rápido

Sinfonia – Composição máxima, feita para orquestra completa, geralmente com 4 movimentos, podendo ou não ter a utilização de coral.

Sonata – Composição feita para instrumentos solistas, ou seja, eles são tocados sozinhos, sem acompanhamento de orquestra. Geralmente tem três movimentos (dois rápidos e um lento).

Vivace – Rápido e vivo. Diferencia do Allegro porque traz mais variações.