Cartas do Mundo: Fortaleza | Iradex

Cartas do Mundo: Fortaleza

PH,

Fortaleza?

Minha amiga de muitos anos estranhou a viagem. Ainda mais porque eu tinha acabado de voltar da África e já estava indo de novo. O estranhamento era porque ela sabia que não tenho um particular gosto por lugares quentes e praia nunca foi minha praia. O Nordeste, destino de tanta gente cansada do cinza paulista, nunca foi uma opção de férias pra mim.

A primeira vez que fui a Fortaleza foi a trabalho e o máximo que fiz foi dar uma andadinha na Beira-Mar, com a certeza que iria ser assaltada e possivelmente assassinada, devido as insistentes previsões apocalípticas do recepcionista do hotel. Mesmo assim, recusei o taxi e andei três quarteirões até o restaurante de turistas. Enchi a cara de camarão e voltei sã e salva na van alugada pelos organizadores do evento social. E foi isso.

Na segunda, em janeiro de 2017, a história foi bem diferente. Essa história começou cerca de um ano e meio antes da viagem, quando eu estava passando por um período complicado, daqueles que você fica meio vazio e sem rumo. O transito de SP estava literalmente me enlouquecendo e, procurando por audiobooks, me deparei com um tal de podcast. Como Cinema é algo que gosto demais, o RapaduraCast entrou na minha vida e, assim como para muita gente, Juras e o resto da turma começaram a ser minha companhia constante na marginal intransponível. Também, como pra muita gente, um tal de PH Santos me cativou (não se preocupe, não és responsável por mim) e fui seguindo o cara até encontrar o IRADEX. Amor a primeira ouvida. No final de 2015, e por todo ano de 2016, o Rapadura, o Iradex e o Bando de Ruma foram parte importantíssima da minha vida. Acompanhei as tuas mudanças de rumo, o começo do vlog , o fim e o recomeço do Iradex, com Gabriel e Kaio agora levando o barco com ajuda do Mociaro e do Alex.

Durante todo esse tempo, eu consumi uma grande parte do conteúdo indicado pelo IP, entrei (ou não) nas séries do Pilotando e li os livros do Martin só pelo entusiasmo do Kaio, e para tentar entender melhor os debates do Sete Reinos. Mas o que mudou muito da minha vida foram as pessoas que eu conheci. Gabriel, Kaio, Livia. Logo depois Emilia e Luiza que vieram me conhecer em SP! E os meninos sensacionais do bando de ruma. Zé Wellington, que numa vinda a SP reuniu Alex, AJ e Mattheus. E essas conexões continuam se espalhando. Incrível.

Fortaleza?

Foi pra encontrar vocês que fui pra Fortaleza.

Fortaleza tem o cheiro da comida da Luiza e a sensação do vento na varanda dela. É maravilhosa, engraçada, sensível, filosófica, gentil, carinhosa, como são o PJ, o Igor e o Renan, que deixaram a rotina deles pra almoçar comigo e ouvir minhas besteiras. Essa e muitas outras generosidades deles (eles sabem quais) me marcaram demais. São pessoas que estarão pra sempre no meu coração.

Fortaleza é o interessantíssimo Dragão do Mar, mas é principalmente a emoção de conhecer Kaio "meu querido" Anderson e Gabs Franks. A pizza, confesso que não estava lá essas coisas (padrões paulistanos, né?), mas a noite foi felicíssima.

Fortaleza foi shopping com vendedor VIP na livraria e foi conhecer os queridos Lucas e Cleiton que vieram de longe só pra me encontrar. Haja controle do Ego! E foi ser resgatada do tal shopping para a tal praia dos crushs para ver um por do sol imaginário com o Renanm, que também me levou pelas madrugadas conhecer o Centro Histórico, o teatro José de Alencar e a Praça do Ferreira. Lembrei do recepcionista do hotel e da fama (real) da Fortaleza violenta. Mas, de novo, escapei ilesa.

Fortaleza é um Pub que não é Pub, uma banda cover, um coquetel delicioso. Foi conhecer o Gustavo e a Kariny, porque a Jarinu até agora não conheci não.

Fortaleza é o restaurante lindo da praia do futuro, o passeio pelo mercado, o Castelão. É casa de mãe carinhosa, com direito a café e bolo. Foi ter um tempo de conversa com a Luiza para aproveitar aquelas amizades que já nascem prontas.

Fortaleza é a casa de vocês. Foi conhecer você e a Lívia, ser acolhida, comer, beber e ainda ganhar um par de chinelas e um tutorial das suas mil e uma utilidades (coisa meio estranha para os que nasceram e se criaram na pauliceia). Foi conhecer o Juras e a Hanna, que foram tão legais comigo, mesmo eu tendo matado o “Juras vidente” , pois ainda não tinha me entendido no papel de lobo. Outra noite tão feliz que só me deixou com mais vontade de poder conversar outras vezes com vocês.

Eu acredito que a vida segue ciclos. Não faço ideia do propósito (ou mesmo se tem propósito). E esse ano estou encerrando um. É preciso. Algumas coisas a gente tem que deixar ir para outras começarem ou retornarem. Até que o ciclo final acabe. Essa coluna, que me trouxe tantas coisas boas, está terminando aqui. As Cartas do Mundo ficarão guardadas comigo e ficarão perdidas por aí nessa esbórnia de dados que é nosso mundo virtual.

Ainda existem muitos lugares viajados e muitas pessoas para escrever, mas os lugares e os destinatários das Cartas tinham que ser aqueles, naqueles momentos.
E eu tenho que encerrar essa coluna com a única cidade e o único destinatário possível. Fortaleza e Raphael PH Santos.

Entenda essa carta como um agradecimento. Continuo te acompanhando em tudo que você produzir por aí, pode ter certeza.

Com amor, Adah.


Cartas ao Mundo é uma série especial, escrita por Adah Conti sobre suas viagens.
O destinatário costumava ser apenas seu filho, Felipe, mas agora somos todos nós. Conheça o mundo pelas palavras de Adah.