O Cravo Bem Temperado: Violoncelo | Iradex

O Cravo Bem Temperado: Violoncelo

Por Vinicius Hilario

Algumas notas graves, um Stradivarius e 6 milhões de dólares

Costumo dizer que existem instrumentos capazes de tocar diretamente o nosso coração. Por isso resolvi falar nessa coluna do violoncelo, um dos meus instrumentos favoritos e carinhosamente apelidado de cello pelos amantes de instrumentos de corda.

O violoncelo agrada com os ouvintes com tons quentes e vivos, e que descrevo assim, justamente pela capacidade de “tocar”, de arrepiar. Seus acordes ricos se assemelham à amplitude do tom de voz de nós, humanos. É um instrumento que tornou-se elemento básico de qualquer composição na música erudita ocidental. Embora hoje seja um instrumento facilmente reconhecido, a história dele ainda é pouco conhecida entre as pessoas.

Pertence à família dos instrumentos de cordas, que também inclui, do menor para o maior, em tamanho: o violino, a viola, o violoncelo e o contrabaixo.

O violoncelo como conhecemos atualmente teve origem na Itália no séc. XVI, e ao contrário de outros instrumento de cordas é tocado na vertical, apoiado nas pernas. Utilizado como instrumento de acompanhamento, foi a partir do séc XVIII que viria a se tornar um importante protagonista em obras compostas para solistas – músico especializado em um único instrumento –, deixando de ser coadjuvante nas composições. O primeiro fabricante conhecido foi Andrea Amati, que criou cellos para o rei Charles IX (1550-1574), da França.

Em 1680, Stradivarius, tradicional família italiana criadora de instrumentos musicais padronizou as características desse instrumento, que anteriormente não tinha tamanho pré definido. Uma das hipóteses é que o nome “violoncelo” teve origem no séc. XVII, a partir do termo “violoncino”, uma diminutivo de “violone”, todos italianos, como era conhecido o precursor do cello, naquele mesmo século.

Possui som de timbre caracteristicamente grave, que ecoa sobre os outros instrumentos de forma bem evidente em uma composição, dando um ar de sobriedade na obra. Mesmo sendo um instrumento de notas baixas, sua extensão sonora é capaz de atingir notas em todos os tons, passando por notas médias e chegando às agudas, justamente para ter tais capacidades, a madeira empenhada em sua construção é de extrema importância.

Alguns instrumentos, incluindo o violoncelo, sofrem preconceito e são preteridos em uma porção de composições. Alguns mestres da música erudita, no entanto, enxergaram seu potencial de contribuição para as músicas e o utilizaram para inúmeras obras, como os alemães Johann Sebastian Bach e Ludwig van Beethoven, o austríaco Joseph Haydn e o soviético Serguei Prokofiev.

O violoncelo é composto pela caixa acústica onde estão os Efes, o estandarte, o cavalete, e o espigão – formado pelo braço – onde estão o espelho, as cravelhas, a voluta e as cordas. A vibração das quatro cordas produz o som, dedilhando ou tocado com um arco, e então é amplificado pela caixa acústica. As grandes orquestras utilizam entre oito e doze instrumentistas de violoncelo, normalmente fabricados em madeira. Segundo reportagem do jornal The New York Times, o violoncelo mais caro do mundo, atualmente, foi vendido em 2012 por 6 milhões de dólares, para uma colecionadora canadense, que não teve o nome revelado.

Voluta: Peça em madeira encaracolada acima do braço.
Efes: Saída da caixa acústica, onde o ar se propaga.
Cravelha: Servem para afinar o instrumento.
Pestana: Serve para dividir as cordas.
Espelho: Espelho é o local onde a corda é pressionada para entoar a nota.
Tampo: Parte superior do instrumento.
Fundo: Parte inferior do instrumento.
Cavalete: Essa peça transmite as vibrações das cordas para o tampo.
Estandarte: Peça em madeira que segura as cordas.
Espigão: Apoio do instrumento no chão.

O uso do violoncelo é muito difundido na música erudita, como no quarteto de cordas, onde junta-se a dois violinos e uma viola. Ainda assim, o instrumento é bastante presente em outros gêneros como Rock, Jazz e Folk.

Alguns solistas famosos de Cello são Pablo Casals, Jacqueline du Pre, Yo-Yo Ma, Pierre Fournier, Gregor Piatigorsky e Mischa Maisky.

Separei algumas composições deste instrumento, e assim, espero que todos se apaixonem por seu som tão característico. Apertem play e divirtam-se.

Playlist

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O Cravo Bem Temperado é uma coluna escrita por Vinicius Hilario, para nos aproximar da música erudita com um olhar atual e descomplicado.
Experimente, aprofunde-se, e deixe a boa música guiar suas emoções.